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O lockout de 2012 e suas repercussões

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O lockout de 2012 e suas repercussões

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Reunião durante lockout de 2012

Com o final da temporada 2011-12, o Collective Bargaining Agreement (CBA) entre a NHL e a NHL Players’ Association (NHLPA), que fora estabelecido após o lockout de 2004, chegou ao fim. Assim, as duas entidades iniciaram as negociações para estabelecer um novo acordo coletivo. Entretanto, após o prazo de negociações findar-se, as partes não chegaram um acordo, o que gerou uma nova paralisação da Liga.

O que é um lockout (locaute)?

O lockout tem a sua origem semântica na expressão inglesa “to lock out“, que significa “trancar para fora”. Ele nada mais é do que um fechamento patronal.

Isto porque sua origem vem de uma disputa industrial entre os empregadores e seus trabalhadores, em uma situação em que o patrão impede os seus funcionários de terem acesso ao seu trabalho, seja deixando-os de fora do local onde exercem sua função laboral ou deixando de aceitar o que é oferecido.

Enquanto a greve é um direito do trabalhador, o lockout é uma prática proibida em muitos países, inclusive no Brasil. A razão para esta proibição reside no fato de ser considerada uma ofensa à liberdade de trabalho, pois é um mecanismo pelo qual o empregador pressiona seus funcionários, visando que eles cedam em algum aspecto da relação trabalhista.

Contexto histórico dos lockouts nos esportes

A existência de paradas forçadas das atividades não é uma exclusividade da NHL. As três outras grandes ligas profissionais norte-americanas, NBA, NFL e MLB, passaram pela mesma situação em diversos momentos. A principal fonte de discussão é, sem dúvidas, a divisão da receita entre os donos dos clubes e os atletas que atuam na Liga. 

Antes dos anos 1990, as paradas nas ligas esportivas eram, em sua maioria, greves. Entretanto, conforme a comercialização dos esportes enquanto produtos, além da expansão para outros mercados e as assinaturas de contratos estratosféricos com as emissoras de televisão, a situação passou a mudar. 

Os donos dos clubes perceberam que era financeiramente mais viável promover o lockout do que ficar a mercê de uma greve. Desta forma, o fardo econômico passava para os atletas. Com isso, esta prática ficou mais comum, viabilizando que os donos ficassem com a maior parte da receita dos clubes. 

Quando a NHL teve lockouts?

O primeiro foi na temporada 1994-95, pouco tempo após Gary Bettman ter se tornado comissário da Liga.

Bettman tinha como objetivo estabelecer o chamado luxury tax, penalizando equipes com folhas salariais excessivamente robustas. Em janeiro de 1995, após mais de cem dias, as duas partes chegaram a um acordo. Isso foi visto como uma vitória para os donos dos clubes, mas os salários altos persistiram. 

Com alegações de que os salários exorbitantes fizeram com que a Liga perdesse quase 2 bilhões de dólares, ocorreu outro lockout em 2004-05. A temporada foi cancelada e o salary cap (teto salarial), foi instaurado, estabelecendo o máximo que um time poderia gastar com sua folha salarial. Este mecanismo também implementou o salary floor, que determina o mínimo que uma equipe poderia gastar.

Fatores que resultaram no lockout de 2012?

O principal fator de discórdia entre a NHLPA e os proprietários dos clubes era a proporção com a qual a receita anual seria dividida.

Entre 2005-06 e 2011-12 a receita anual foi de 2.2 bilhões para 3.3 bilhões, o que fazia com que os jogadores tivessem um grande aumento nos salários, já que a média foi de 1.46 milhões em 2005 para 2.17 milhões em 2011. Além disso, foi assinado um acordo de televisão valorizado em quase 2 bilhões para 10 anos. 

Entretanto, o aumento na receita, o teto salarial e o limite nos salários dos novatos não fizeram com que a Liga operasse inteiramente de uma forma saudável. Mesmo com essas limitações os jogadores ainda tinham 57 por cento da receita, enquanto os donos ficavam com 43 por cento.

A título de comparação, após os lockouts de 2011 na NFL e na NBA, os donos da primeira retinham 53 por cento da receita, e os da liga de basquete tinham direito a 50 por cento.

Outra causa importante foi a estrutura de mercados, pois havia uma diferença enorme entre os clubes em termos de saúde financeira. Mercados grandes como Montreal, Nova York e Toronto correspondiam a oitenta por cento da receita da Liga, enquanto 13 dos 30 clubes perderam dinheiro em 2011-12.

Além da questão financeira, a localização também contava pontos, já que hockey era infinitamente mais popular no Canadá do que no sul dos Estados Unidos, por exemplo. 

O que os atletas fizeram durante a parada?

Enquanto parte dos jogadores permaneceram na América do Norte para participar das negociações entre a NHLPA e a Liga, muitos foram explorar outros mercados enquanto esperavam pelo retorno da NHL.

Evgeni Malkin e Alex Ovechkin retornaram para as equipes russas que os revelaram, Metallurg Magnitogorsk e Dynamo Moscow, respectivamente, parte da Kontinental Hockey League (KHL). 

Outro destino procurado pelos atletas foi a Suíça. Lá, Patrick Kane e Tyler Seguin atuaram pelo EHC Biel, Patrice Bergeron pelo HC Lugano, John Tavares pelo Bern e Joe Thornton pelo Davos.

Na Suécia, Gabriel Landeskog atuou pelo Djurgarden, Matt Duchene pelo Frolunda e Anze Kopitar pelo Allsvenskan. Jamie Benn e Claude Giroux, por sua vez, foram para a Alemanha, enquanto Jaromir Jagr e Zdeno Chara atuaram na liga tcheca. 

Aqueles que permaneceram em solo norte-americano passaram a se reunir para treinos informais, já que todas as atividades relativas à  Liga estavam obrigatoriamente suspensa.

Além disso, foram organizadas partidas beneficentes. A Champs for Charity, trazia jogadores do elenco do Chicago Blackhawks contra uma equipe formada por atletas de outros times. As doações foram destinadas a Ronald McDonald House Charities da região.

No feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, quase 30 NHLers jogaram em Atlantic City e arrecadaram cerca de 500 mil dólares para ajudar vítimas do Furacão Sandy. Outras partidas de destaque também aconteceram em Toronto e Minneapolis.

As partes chegam a um acordo

O centro do acordo foi a divisão igual da receita entre donos e jogadores na proporção de 50% para cada um, tal como a NBA. Outra inovação foi a limitação da duração dos contratos. Antes, os termos não previam limite e passaram a ter prazo máximo de sete ou oito anos, a depender da situação.

Uma previsão que não foi incluída no CBA é a participação dos jogadores nas Olimpíadas e embora eles tenham feito parte dos jogos de 2014 em Sochi, a participação em 2018 foi vetada pelos donos.

Outras mudanças incluíram o salário mínimo da Liga, além das suspensões de mais de cinco jogos passarem a ser submetidas para um árbitro neutro e não ao comissário. Por fim, foi instaurado um novo sistema para a loteria do draft. Este passou a incluir todas as equipes que não se classificaram para a pós-temporada.

O acordo celebrado tem a duração de dez anos, findando-se em 2021-22, com a possibilidade de uma das partes romper o acordo em setembro de 2019, o que não aconteceu.

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