NHL anuncia participação de mulheres no All-Star Weekend 2020
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As novidades do 2020 NHL All-Star Weekend não param. A NHL anunciou a criação do Elite Women’s 3-on-3 apresentado pela Adidas, no qual jogadoras de elite da América do Norte jogam um torneio de 20 minutos com a configuração de 3-contra-3. Para isso, foram selecionadas 20 jogadoras ao todo, sendo nove de linha e uma goleira para cada equipe. Também foram chamadas mulheres para atuarem como técnicas, juízas e árbitras. Assim como a equipe masculina, elas foram selecionadas pelo comitê da NHL que inclui Cassie Campbell-Pascall, Cammi Granato, Angela Ruggiero e a recém-nomeada ao Hockey Hall of Fame Hayley Wickenheiser.
Para compor a equipe canadense foram chamadas as atacantes Meghan Agosta, Mélodie Daoust, Rebecca Johnston, Sarah Nurse, Marie-Philip Poulin, Natalie Spooner e Blayre Turnbull. Enquanto as defensoras são Renata Fast e Laura Fortino, e Ann-Renée Desbiens na posição de goleira. A equipe americana terá Alex Carpenter, Kendall Coyne Schofield, Brianna Decker, Amanda Kessel, Hilary Knight, Jocelyne Lamoureux-Davidson e Annie Pankowski no ataque. Enquanto Kacey Bellamy e Lee Stecklein jogam pela defesa e Alex Cavallini no gol.
Para técnicas foram escolhidas as Hockey Hall of Famers Cammi Granato e Jayna Hefford. Quem irá oficiar serão as juízas Kendall Hanley e Kirsten Welsh e as árbitras Kelly Cooke e Katie Guay. Também foi anunciado a doação de 100 mil dólares pela National Hockey League Foundation para organizações de hockey feminino. O formato do torneio ficou um pouco diferente do que as jogadoras estão acostumadas, no entanto elas acreditam que desta forma será mais fácil do público ver as habilidades individuais de cada uma, já que juntas, as 20 jogadoras possuem 39 medalhas olímpicas e 109 mundiais.
Edições anteriores
Apesar das mulheres serem convidadas desde 2012, essa é a primeira vez em que elas têm um evento exclusivo. Nos anos anteriores o hockey feminino tinha pequenas participações e de pouco destaque. Em 2018 as coisas começaram a mudar um pouco. As jogadoras Meghan Duggan, Hilary Knight, Amanda Kessel e Hannah Brandt foram convidadas a participar e mostrar suas habilidades durante o evento. Elas participaram das competições Dunkin’ Donuts NHL Passing Challenge, Gatorade NHL Puck Control Relay e Honda NHL Accuracy Shooting para promover a participação da seleção americana nas olimpíadas daquele ano.
No entanto, o maior destaque é para a edição de 2019, quando Renata Fast, Rebecca Johnson, Kendall Coyne Schofield e Brianna Decker foram convidadas a participar. A presença das duas últimas deu o que falar na internet, isso porque Brianna competiu na modalidade Enterprise NHL Premier Passer e conquistou a melhor classificação, mas não ganhou o prêmio. Como a participação dela era não-oficial, Leon Draisaitl, do Edmonton Oilers, que teve a segunda melhor classificação, foi nomeado vencedor. Isso gerou revolta, pois o público achou injusto já que o vencedor ganhava um prêmio monetário e Decker (que ganha consideravelmente menos) merecia o prêmio. No twitter, os fãs criaram a hashtag #PayDecker com o intuito da jogadora ser reconhecida e levar o seu prêmio. Por fim, a empresa CCM Hockey optou por dar os $25.000 para a jogadora.
Do outro lado, Coyne Schofield deu o que falar por um motivo diferente. Ela foi chamada para participar de uma das competições no lugar de Nathan MacKinnon, do Colorado Avalanche, que na época estava lesionado. A forward participou da competição Bridgestone NHL Fastest Skater e conquistou o tempo de 14.346 segundos, assim ficando em sétimo lugar, na frente de Clayton Keller do Arizona Coyotes. Apesar de não ter ganhado, a jogadora levou o público ao delírio e se tornou viral nas redes sociais. Foi através da participação de Kendall que a NHL teve a ideia de criar o evento para este ano. A participação dela também foi inspiração para a criação de um documentário feito pelo Chicago Blackhawks, que se chama “As Fast As Her“. O doc tem estreia marcada para o dia 22 de janeiro e fala sobre a carreira de Kendall.
Hockey Feminino
A participação das mulheres nos jogos all-star é de extrema importância para o hockey feminino, que tem sofrido inúmeras baixas no último ano. Em março de 2019 a CWHL anunciou o fim da Liga, dando início a diversos movimentos em prol do hockey feminino. O primeiro deles foi a criação da associação feminina PWHPA que visa melhores condições de trabalho para as jogadoras. Posteriormente a associação anunciou o Dream Gap Tour, turnê que passou pelos EUA e Canadá promovendo o hockey feminino. Porém, como se não bastasse o fim de uma Liga, os times Buffalo Beauts e Metropolitan Riveters que eram associados ao Buffalo Sabres e o New Jersey Devils da NHL tiveram suas associações dissolvidas.
No entanto em meio a tanto caos algumas notícias boas surgiram. Em julho o New York Rangers anunciou a criação do Junior Rangers Girls Hockey com a medalhista Amanda Kessel como embaixadora. Enquanto isso, o IIHF promoveu o World Girl’s Ice Hockey Weekend em 40 países no mês de outubro. Mas nem todos esses eventos são suficientes para trazer a visibilidade necessária para o hockey feminino. A modalidade sofre com falta de verba, tem pouca visibilidade e jogadoras subestimadas. Prova disso foi o all-star 2019, onde a medalhista Coyne Schofield surpreendeu ao mostrar suas habilidades como patinadora. Apesar de serem excelentes elas nem sempre possuem as mesmas oportunidades que os jogadores da NHL.
A NWHL por exemplo possui apenas cinco times ativos contra os 31 times da liga masculina. Desses cinco times, apenas o Boston Pride e o Minnesota Whitecaps são associados a seus times correspondentes na NHL. As meninas que querem ingressar no mundo do hockey precisam jogar em times mistos e infelizmente não são todos que aceitam. Assim como os garotos, as meninas querem ver suas ídolas na tv e infelizmente para elas os jogos femininos não são televisionados como os masculinos. Muitas vezes, como suas habilidades não são exploradas e nem reconhecidas, mulheres desistem do esporte, já que as chances de virarem profissionais são poucas em contrapartida dos obstáculos que são inúmeros.
Com a oportunidade que a NHL está dando para as mulheres, não somente elas poderão mostrar suas habilidades em rede nacional como também para os fãs do mundo todo. A participação de Kendall em 2019 ganhou destaque em jornais de vários países, sendo essa uma das poucas vezes em que as jogadoras conseguiram tamanha visibilidade. Apesar da NHL ser focada na América do Norte, existem pessoas de todo o mundo que acompanham o esporte. O All-Star Weekend de 2020 vai ser a oportunidade que esse público terá para conhecer as jogadoras e assim abrir portas para elas no cenário mundial. A participação delas pode até não ser muito, já que para isso é preciso muito mais do que um evento no ano, mas esse é o primeiro passo para uma nova era no hockey feminino e a chance dele crescer. Afinal, “hockey is for everyone”!
Foto: Reprodução/globoesporte.com (Ezra Shaw / Staff)