Draft Class de 2010: onde estão
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O primeiro draft da década aconteceu no Staples Center, em Los Angeles, e deu o pontapé inicial para o que poderia ter sido uma dinastia para o Edmonton Oilers. Isso porque, durante os anos 2010, a equipe canadense teve nada mais do que quatro primeiras escolhas nos drafts. Entretanto, esta tão esperada hegemonia dos Oilers não aconteceu.
Por outro lado, o draft de 2010 nos apresentou jogadores que viriam a se tornar verdadeiras estrelas. Todo ano temos aquelas promessas que, quando chegam à NHL, não atingem o desempenho esperado ou demoram anos para adequar seu jogo ao nível profissional. Isso acontece porque no draft os jogadores escolhidos têm apenas 18 anos e uma carreira inteira pela frente.
Em 2010, as três primeiras escolhas foram Taylor Hall, Tyler Seguin e Erik Gudbranson. Além deles, conhecemos nomes como Vladmir Tarasenko, Evgeny Kuznetsov e Phillip Grubauer, que foram campeões com suas equipes. Por outro lado, tivemos John Klingberg, que não era considerado uma estrela no draft, mas com o passar dos anos passaram e o jogador se tornou uma peça fundamental no Dallas Stars.
Dessa forma, relembramos nomes que foram selecionados naquele ano e que hoje são verdadeiros ídolos do esporte.
Taylor Hall: wunderkind, garoto problema e MVP (#1 overall, Edmonton Oilers)
A primeira escolha daquela noite foi Taylor Hall, right winger canadense que foi escolhido do Windsor Spitfires da Ontario Hockey League (OHL). Hall estava ranqueado em segundo lugar entre os jogadores de linha norte-americanos. Entretanto, seus dois títulos consecutivos da Memorial Cup, dos quais foi MVP em ambas as ocasiões, levaram a equipe de Alberta a escolhê-lo.
Após chegar em Edmonton com pompa, Hall foi nomeado All-Star em 2011, mas sua primeira temporada na Liga foi encerrada após o canadense lesionar seu tornozelo no final de uma briga contra Derek Dorsett. Com isso, a temporada de 22 gols e 20 assistências em 65 jogos não foi o bastante para o atleta chegar até os finalistas do Calder Trophy (melhor novato).
Em 2012, por sua vez, o winger teve sua temporada encerrada após a constatação de que ele precisaria de uma cirurgia no ombro. No período desde que fora draftado, Hall viu sua equipe ter a primeira escolha três vezes, selecionando Ryan Nugent-Hopkins, Nail Yakupov e Connor McDavid. Neste meio tempo, rumores de que Hall teria um comportamento problemático no vestiário e fora das arenas passaram a circular.
Contudo, a chegada de McDavid colocou o canadense em um lugar inédito, o de liderança e mentoria, já que o atual capitão dos Oilers viveu com Hall durante o seu primeiro ano na Liga. O choque veio quando, em junho de 2016, Hall foi trocado para o New Jersey Devils por Adam Larsson.
Em Newark, o winger encontrou sucesso com a equipe dos Devils e foi para os playoffs pela primeira vez em sua na carreira. Após uma temporada de destaque, em 2018 ele conquistou o Hart Trophy de MVP da temporada regular da NHL. Todavia, o projeto dos Devils não obteve o resultado esperado nas duas temporadas seguintes, o que fez com que Hall se tornasse um alvo para outras equipes. Prestes a se tornar free agent, o winger foi trocado para o Arizona Coyotes em dezembro de 2019.
Tyler Seguin: das festas para o rodeio (#2 overall, Boston Bruins)
O center canadense foi selecionado do Plymouth Whalers da OHL com a escolha que o Boston Bruins recebeu de Toronto quando trocaram Phil Kessel. Em seu primeiro ano na Liga, Seguin participou do All Star Weekend, marcou 22 pontos e conquistou a Stanley Cup.
Depois de não ser relacionado durante os dois primeiros rounds dos playoffs daquele ano, Seguin estreou contra o Tampa Bay Lightning. Aos 19 anos o canadense se tornou o primeiro adolescente a anotar quatro pontos em um jogo da pós-temporada desde Trevor Linden, do Vancouver Canucks, em 1989.
Em 2012, durante o lockout, Seguin defendeu o EHC Biel da Suíça enquanto a temporada da NHL estava suspensa. Após o retorno da Liga, o Boston Bruins chegou à final da Stanley Cup, perdendo para o Chicago Blackhawks. Com esses playoffs vieram as polêmicas, e Seguin foi inclusive cortado de um jogo por perder o café da manhã da equipe.
Na intertemporada de 2013, Seguin foi trocado para o Dallas Stars, onde atua até hoje. Desde que estreou pela equipe, o canadense já marcou 510 pontos, mas a equipe texana foi para os playoffs em apenas três ocasiões (2013/2014; 2015/2016; 2018/2019). Em setembro de 2018 Seguin assinou uma extensão contratual de oito anos, avaliada em quase 80 milhões de dólares.
Jeff Skinner: em busca pelo fim da mediocridade (#5 overall, Carolina Hurricanes)
O left winger foi escolhido do Kitchener Rangers da OHL e estreou profissionalmente contra o Minnesota Wild. Durante o All Star Game de 2011 Skinner substituiu Sidney Crosby e, na época, se tornou o jogador mais jovem a participar do evento. No final da sua temporada de estreia, o canadense venceu o Calder Memorial Trophy, desbancando Logan Couture e Michael Grabner.
Depois do sucesso de sua primeira temporada, Skinner assinou sua renovação em 2012, por mais de 34 milhões em seis anos. Entretanto, sua produção foi muitas vezes interrompida por diversas concussões, que inclusive causaram preocupação acerca da longevidade da carreira do winger. Depois de oito temporadas, sendo duas como alternate captain, o canadense foi trocado para o Buffalo Sabres em 2018.
No ano seguinte ele estendeu seu compromisso com a equipe por mais oito anos, pela bagatela de 9 milhões por temporada. É importante mencionar que Skinner nunca jogou nos playoffs da NHL, nem durante a época nos Canes quanto em Buffalo. Foi apenas após troca de Skinner que Carolina começou a renovar sua equipe.
Vladimir Tarasenko: da Sibéria para o meio-oeste (16th overall, St. Louis Blues)
O russo foi draftado em 16º no primeiro round pelo St. Louis Blues, diretamente do Sibir Novosibirsk da Kontinental Hockey League (KHL). Um ano antes ele havia sido o novato revelação na primeira temporada da história da KHL.
Em janeiro de 2012 o atleta foi trocado da equipe que o revelou para o SKA Petersburg e em junho daquele ano anunciou que iria para a América do Norte. Entretanto, com o lockout, que atrasou a temporada da NHL, o atleta participou dos 48 jogos do St. Louis Blues na temporada reduzida, marcando um gol em seu primeiro jogo na Liga, contra o Detroit Red Wings.
Desde seu début na Liga, o russo já teve duas temporadas com pelo menos 30 gols nos últimos cinco anos, feito compartilhado com seu compatriota Alexander Ovechkin. Em junho de 2019, após um período atuações questionadas e muitos rumores de trocas, o atleta venceu a Stanley Cup, primeira vez da franquia de St. Louis.
Evgeny Kuznetsov: o exorcista de Penguins (26th overall, Washington Capitals)
O russo foi selecionado do Traktor Chelyabinsk da KHL no primeiro round de 2010, mas estreou pela equipe da capital americana apenas em 2014. Seu primeiro gol da temporada regular foi contra o Los Angeles Kings, em março do mesmo ano, enquanto o seu primeiro feito nos playoffs ocorreu contra o New York Islanders. Na temporada de 2015/2016 o russo substituiu seu capitão, Ovechkin, no All Star Game.
No verão de 2017 o center estendeu seu compromisso com os Capitals por mais oito anos, com um salário de 7,8 milhões de dólares anuais. Na pós-temporada inaugural de seu novo contrato, Kuznetsov levou a equipe de DC à terra prometida, protagonizando um dos momentos mais icônicos da era moderna da NHL.
Na campanha da conquista da Stanley Cup em 2018 o atleta liderou sua equipe em pontos, com 32 (12 gols e 20 assistências) nos playoffs. Embora tenha tido uma atuação importantíssima durante a pós-temporada daquele ano, Kuznetsov ficou em segundo lugar na votação do Conn Smythe (troféu para o MVP dos playoffs), que foi dado a Ovechkin.
Philipp Grubauer: o goleiro do futuro (112th overall, Washington Capitals)
O alemão iniciou sua carreira na equipe de sua cidade natal, o Starbulls Rosenheim, mas em 2008 se mudou para a América do Norte, onde foi jogar no Belleville Bulls da OHL. Embora tenha sido o reserva em sua primeira temporada, o goleiro conseguiu atingir a titularidade no ano seguinte, possibilitando que fosse mais notado pelos olheiros dos times da NHL.
Após ser draftado no quarto round, o Grubauer foi trocado dos Bulls para o Kingston Frontenacs, e no início da temporada da OHL assinou seu contrato com o Washington Capitals. Depois de 38 jogos com a equipe junior, o alemão contraiu mononucleose, terminando sua carreira na OHL, devido à idade de elegibilidade.
Na temporada seguinte Grubauer retornou aos Capitals, sendo enviado para o afiliado da equipe na East Coast Hockey League (ECHL), o Reading Royals. Posteriormente o jogador transitou entre a ECHL e a AHL, tendo se firmado como goleiro da NHL apenas em 2017, quando iniciou a temporada sendo reserva de Braden Holtby.
Em 2018 o alemão se firmou como titular nos últimos 16 jogos da temporada regular, assim como no início dos playoffs, e foi parte importantíssima da conquista da Stanley Cup. Ele substituiu Holtby quando o goleiro titular não estava tendo grandes atuações. Após a conquista do troféu o goleiro foi trocado para o Colorado Avalanche juntamente com Brooks Orpik, preenchendo o vácuo no plantel emergente da equipe da Conferência Central. Em Denver espera-se que o arqueiro seja a espinha dorsal da defesa de uma possível dinastia que conta com Nathan MacKinnon e Cale Makar.
John Klingberg: de escolha no quinto round para a realeza dos Stars (131th overall, Dallas Stars)
O sueco estreou profissionalmente pelo Frolunda HC da Swedish Hockey League (SHL) em 2010, depois de ter iniciado na base do Lerums BK. Em maio de 2011 o defensor assinou seu contrato com o Dallas Stars e foi emprestado ao Jokerit da liga finlandesa, tendo retornado a Suécia na metade da temporada, desta vez para o Skelleftea AIK.
No ano seguinte, foi emprestado ao Frolunda HC, onde anotou 11 gols e 17 assistências, totalizando 28 pontos em 50 jogos. Com a eliminação da equipe sueca dos playoffs, o defensor se juntou ao Texas Stars da American Hockey League (AHL) para os jogos restantes. Já em 2014, Klingberg iniciou sua temporada na AHL, mas logo em novembro estreou na NHL contra o Arizona Coyotes.
Sua primeira ida aos playoffs com a equipe texana foi em 2016, quando anotou um gol e três assistências em 13 jogos, já que sua equipe foi eliminada no segundo round. Em 2018 o defensor representou sua equipe no All Star Game da temporada, na qual atingiu a marca de 67 pontos em 82 jogos.
Desde então o jogador se posicionou como um dos mais importantes defensores da Liga, estando sempre nas discussões acerca de prováveis candidatos ao Norris Trophy, prêmio de melhor defensor da temporada regular. Além disso, Klingberg também é um dos jogadores de liderança fora do gelo no Dallas Stars, conquistando uma posição importante dentro do vestiário.
Foto: Reprodução/sportsnet.ca