Quem vê o hockey feminino hoje não imagina há quanto tempo as mulheres lutam por isso. Os primeiros casos documentados foram no Canadá na década de 1890, quando algumas mulheres se juntaram e competiram em nível universitário. A Women’s Hockey Association alega que a cidade de Ottawa, em Ontário, sediou o primeiro jogo em 1891.
O início
A filha de Lord Stanley de Preston, Lady Isobel Stanley, foi pioneira no jogo feminino. Ela teria sido inclusive uma das primeiras a ser fotografada usando puck e stick na pista de gelo natural em Rideau Hall, na cidade de Ottawa, no Canadá. Stanley, o sexto Governador Geral do Canadá, forneceu o gelo para os jogos de hockey feminino. Para isso, transformou um grande gramado em Rideau Hall em uma pista. O governador é mais conhecido por sua contribuição ao troféu que mais tarde seria referido como Stanley Cup. Lord Stanley, além disso, desempenhou um papel significativo no desenvolvimento e crescimento do hockey das mulheres canadenses.
Na década de 1890, o hockey feminino foi introduzido no nível universitário. A equipe feminina da McGill University estreou, assim, em 1894. A Universidade de Toronto e a Queen’s University, em Kingston, Ontário, também foram algumas das primeiras universidades canadenses a apresentar equipes femininas de hockey. Em 1920, Lady Isabella Brenda Meredith, de Montreal, doou a Lady Meredith Cup. Este seria o primeiro campeonato de hockey no Canadá a ser disputado entre mulheres.
Na mesma época, o hockey feminino finalmente chegou aos EUA. Em 1916, foi organizado um torneio internacional em Cleveland, Ohio. O torneio contou com equipes femininas canadenses e americanas.
A princípio, os árbitros no jogos femininos eram do sexo masculino. Quando as mulheres caíam no gelo, esperava-se que o árbitro masculino as ajudasse a se levantar. Até 1914, as mulheres jogadores no oeste do Canadá deveriam usar saias longas.
Mulheres na história
Em 1927, Elizabeth Graham usou uma máscara de esgrima para supostamente proteger os dentes após um tratamento odontológico recente. Assim, ela se tornou pioneira no uso da máscara. Depois disso, em 1930, o goleiro Clint Benedict do Montreal Maroons, usou uma máscara para proteger o nariz quebrado, tornando-se o primeiro goleiro a usar uma na NHL. No entanto, o uso da máscara só foi se tornar popular em 1959. A partir de então, o goleiro Jacques Plante passou a usá-la regularmente durante os jogos.
Abigail “Abby” Hoffman, medalhista de ouro no evento de 880 jardas nos Jogos da Commonwealth de 1966, também fez seu nome no hockey. Ela cortou o cabelo curto e fingiu ser um garoto para jogar com o St. Catharines Teepees em uma liga de meninos. Uma vez descoberto que Hoffman estava disfarçada, a história fez manchetes em todo o mundo. Uma decisão da Suprema Corte de Ontário impediu-a de participar. Embora seus pais tenham desafiado a regra “somente meninos” da liga, a política foi mantida pelo tribunal da província. Nos últimos anos, Hoffman ajudaria a organizar um campeonato nacional de hockey feminino (com representação de cada província).
Em 1994, Leslie Castle fez parte do movimento que levou Minnesota a se tornar o primeiro estado a reconhecer o hockey feminino como esporte universitário. Sendo assim, é considerada a avó do hockey feminino em Minnesota.
Em 2011, Lexi Peters tornou-se a primeira jogadora a participar de um videogame de hockey, no EA Sports NHL 12. Isso porque, após uma sugestão de seu pai, Peters escreveu uma carta para a empresa perguntando por que não existiam personagens femininas. David Littman, o principal produtor do jogo, recebeu permissão dos advogados da NHL e da EA para incluir Lexi Peters. A EA Sports, então, informou Lexi que eles a teriam como a jogadora “padrão” do jogo, que os jogadores poderiam personalizar.
Hockey na atualidade
Muitas ligas foram criadas e dissolvidas desde 1890. A mais recente sendo a CWHL (Canadian Women’s Hockey League) que teve seu fim anunciado em março deste ano. Com isso a NWHL (National Women’s Hockey League) anunciou equipes de expansão aprovadas em Toronto e Montreal. Essa Liga foi fundada em 2015 nos EUA como a primeira liga de hockey profissional feminino que pagava um salário. Contudo, a notícia não agradou muito, já que as jogadoras lutam por salários melhores, segurança e melhores condições de trabalho.
Como resultado, as jogadoras se uniram e criaram a PWHPA (Professional Women’s Hockey Players Association). Essa associação busca tanto melhores condições de trabalho quanto maior inclusão das mulheres no mundo do hockey. Recentemente o New York Rangers anunciou uma iniciativa no hockey feminino para jovens.