Entrevista com Igor Larionov II

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(Texto com co-autoria de Marina Garcez)

No último mês, uma figura chamou mais atenção do que o normal no hockey twitter, com suas atitudes e personalidade peculiares para o jogador de hockey comum. Acontece que Igor Larionov II não tem nada de comum. O nome não é estranho para quem já acompanha o esporte há algum tempo; o jovem jogador é filho de uma das maiores lendas do hockey, Igor Larionov, que venceu três Stanley Cups (1997, 1998 e 2002) com o Detroit Red Wings, além de conquistar diversos títulos a nível mundial no esporte.

Porém, aos 22 anos, Igor Larionov II dá os primeiros passos de sua carreira profissional enquanto, ao mesmo tempo, conquista uma legião de apoiadores e fãs nas redes sociais, abraçando a comunidade e ecoando vozes que nem sempre vemos representadas no hockey.

O NHeLas conversou com ele sobre sua trajetória no esporte, sua presença nas redes e muito mais. Além desta entrevista, você também pode assistir ao vídeo dele respondendo perguntas do Twitter aqui. Confira também ele fazendo um quiz em nosso site aqui.

(Esta entrevista foi editada para fins de brevidade e clareza. Parte 2 | Parte 3)

Por que não começamos com a sua carreira? Conte para a gente sobre a sua vida no hockey, desde a infância até agora.

Eu nasci em 1998, em Detroit, Michigan. Meu pai era jogador de hockey, então eu cresci no rinque e conheci muita gente legal que joga hockey e está nesse ramo. Entre os três ou quatro anos, eu corria pela casa com um pequeno taco de hockey. A maioria das crianças brinca com carrinhos ou Legos. Eu sempre tinha um stick e uma bola ou puck comigo. Então foi basicamente assim que eu comecei a jogar. Na infância, eu joguei hockey em Detroit por um tempo e aí minha família se mudou para a Califórnia quando meu pai se aposentou, e eu passei dois anos jogando hockey na Califórnia. Depois disso foi muito difícil encontrar [rinques de] gelo aqui e muitas oportunidades para treinar, então nos mudamos de volta para Michigan, onde havia cerca de 15 rinques em um raio de 10 milhas da minha casa. Isso fez com que fosse muito mais fácil simplesmente ir para o gelo, treinar, trabalhar duro e tudo mais.

Eu joguei hockey juvenil em Michigan pelos seis anos seguintes, depois disso fui para o major junior, onde joguei na QMJHL na primeira temporada, o que foi uma boa experiência. Mas depois daquele ano recebi uma oferta de Windsor, que ficava a literalmente 30 minutos de carro da minha casa em Michigan. Então essa foi a oportunidade perfeita, porque não é todo dia que você consegue morar em casa e jogar hockey, então aceitei a oferta, tive um ótimo ano e joguei muito bem. Então na temporada seguinte eu tive a oportunidade de ir para Muskegon, porque em Windsor, eles estavam meio que em reconstrução, mas foi meu último ano em Muskegon. Estávamos em rumo ao título, tínhamos uma equipe muito forte. Então fui para Muskegon e tive um ótimo ano, muitas memórias boas. Infelizmente, eu quebrei minha clavícula em um dos últimos jogos da temporada, então minha temporada acabou. Acabamos perdendo as finais da conferência nos playoffs, o que, você sabe, foi chato não poder ajudar a equipe ou jogar, mas foi uma boa experiência jogar em Muskegon. Eu ainda falo com muitos dos caras, muitos dos jogadores são amigos próximos atualmente.

Depois disso, eu decidi ir para a Rússia. Comecei com o SKA na KHL, estava no camp deles, me falaram que eu consegui uma vaga no time, ótimas notícias, me chamaram para a Seleção Olímpica, basicamente a segunda seleção. Tem a seleção principal na Rússia e aí tem o time olímpico, que são os caras jovens, eles estão te preparando para torneios e eventos futuros. Então eu fui chamado para isso e dois dias antes de eu ter que ir para a seleção olímpica e assinar meu contrato da temporada com o SKA, eu rompi o músculo do glúteo no último dia do training camp. Por causa disso eu basicamente perdi toda a temporada. Quando me recuperei, eu só pude jogar duas partidas, e isso foi só para que eles pudessem me registrar. Eu estava escalado, mas não fui para o gelo, e foi só para que eu ficasse sob contrato na época, porque eles esperavam que em dois meses eu estaria preparado para jogar. Mas, obviamente, dois meses depois o mundo parou por causa da COVID. E eu acabei basicamente não jogando na temporada. 

Então quando isso aconteceu, eu voltei para Michigan, onde eu estava morando na época, treinei muito, recuperei-me e tive algumas oportunidades de jogar na AHL temporada passada, mas nada estava acontecendo (na liga). Então eu comecei a pensar comigo mesmo “eu não posso tirar dois anos de folga,” não seria bom para o meu desenvolvimento. Foi quando recebi uma ligação do GM do Kunlun (Red Star) falando que eles estavam à procura de jogadores da América do Norte com raízes russas, o que basicamente significa uma pessoa com passaporte russo, porque eles precisam de determinado número de jogadores russos para cada jogo. E eu honestamente só falei “tá bom, quando você quer que eu vá?” E ele falou “que tal em alguns dias?” Assim, em alguns dias eu estava em um voo para Moscou. Eu fui de Detroit, para Chicago, Chicago para Londres, Londres para Moscou. E três ou quatro dias depois eu estava disputando minha primeira partida. Eu assinei um acordo de apenas três jogos pois (o time não tinha) dinheiro para assinar gente com contratos garantidos esse ano por causa dos cortes de orçamento devido à COVID. Depois de três jogos, eu tinha dois pontos e eles acabaram me contratando para o resto do ano. Eu joguei mais duas partidas depois disso, aí eu peguei COVID. Acabei perdendo três semanas com a doença. Não foi tão ruim, tive sintomas bem leves. Mas quando eu voltei, tive problemas com o meu coração e depois de tentar me recuperar, eles basicamente me tiraram do resto da temporada.

Ainda bem que eu pude voltar aos EUA para receber um tratamento apropriado. Eles basicamente me falaram “tire dois meses de folga, não faça nada, não force seu coração” e eu tive que usar alguns monitores cardíacos por algumas semanas para que eles acompanhassem tudo. Depois que esses dois meses passaram, eles falaram “vai ser como um interruptor. Do nada você irá ganhar sua energia de volta e voltar a se sentir bem de novo, poderá treinar,” e realmente aconteceu como eles disseram que seria. Por dois meses eu me senti muito fadigado, muito cansado, não conseguia fazer nada sem subir meus batimentos cardíacos. E aí quando esses dois meses passaram, boom, eu me senti ótimo. Agora, eu estou treinando há mais de um mês e meio. E, honestamente, sinto-me melhor do que nunca. Eu estou só me preparando para a próxima temporada neste momento.

Na sua opinião, quais são as maiores diferenças entre jogar hockey na América do Norte versus jogar na Rússia?

Existe uma diferença considerável entre esses dois países, tanto culturalmente quanto no estilo de jogo. Eu diria que na América do Norte, existe um sistema mais estruturado onde você sabe seu trabalho e todo mundo sabe o seu papel. Mas na Rússia, é meio cada um por si, no qual os caras meio que decidem o que vão fazer, e isso não é necessariamente a melhor coisa. Eu acho que o melhor é quando você pode fazer uma mistura dos dois sistemas, em que as pessoas têm a liberdade para criar, mas também existe uma estrutura e um sistema onde, se você cometer um erro, você sabe que seu colega vai estar lá para te cobrir, porque estão seguindo a mesma ideia que você. Foi muito interessante jogar (na Rússia). Eles basicamente tinham fãs em todo lugar que a gente jogava, o que foi bem estranho considerando os tempos atuais. Foi uma experiência diferente, as cidades, elas não são cidades típicas com hockey profissional como aquelas em que se jogaria na América do Norte. (Nos EUA) são normalmente as maiores cidades da América, você fica em hotéis legais. Lá, existem algumas boas cidades, mas uma vez que você vai para alguns dos times menores, as cidades não são tão legais, eles só têm um restaurante, que era tipo um Burger King ou algo assim, e o hotel era algo (que parecia ter saído) direto dos meus pesadelos, (risos) tem, tipo, sangue nas paredes e mofo no chuveiro, esse tipo de coisa.

Foi bem peculiar, mas, no fim, foi muito divertido, porque eu sinto que meus colegas de equipe… Nós éramos vários caras da América do Norte e, é aquela coisa, era tão diferente para tantos de nós que, na maior parte do tempo, estávamos só rindo do que se passava. O avião do nosso time era muito, muito estranho. Todo voo tinha um momento em que você sentia o avião descendo lentamente, e no início ficava muito quieto no avião. Mas aí todo mundo começou a se olhar, tirar os fones de ouvido, e então um dos meus colegas sempre começava a gritar “bom, garotos, é assim que a gente vai!” E todo o time começava a rir. Momentos assim, o que, olhando para trás, era aterrorizante como a gente sentia o avião caindo e depois voltando ao normal. Mas só coisas pequenas assim, já que sempre estávamos zoando as coisas ruins. E isso tornou tudo mais divertido, e tornou a experiência mais legal para todos nós. 

Como eram os protocolos da KHL em comparação ao que vimos da NHL naquele momento?

Eu acredito que na NHL eles estão sendo testados todos os dias, o que tínhamos eram testagens a cada três dias. Outro diferencial  na NHL é que se algumas pessoas estão doentes, eles basicamente desativam todo o time e ninguém joga até todos se recuperarem, até que todos voltem. Mas para a gente, era totalmente diferente. Se você estivesse doente, você só ia para casa, mas o resto da equipe continuava. Então nós tivemos um momento antes mesmo de eu ter ido para o time em que acho que tínhamos, tipo, 17 caras doentes ao mesmo tempo. Quando eu cheguei lá, quando eu fiquei doente, a gente tinha seis caras doentes ao mesmo tempo. Então foi meio que uma bagunça porque eles não sabiam como lidar de uma forma melhor, como eles fazem (na NHL). Nosso gerente de equipamento ficou doente, e ao invés de ficar em casa, ele foi para o rinque afiar nossos patins. E aí cinco de nós ficaram doentes. Então foi meio estranho por causa disso. Mas, você sabe, é uma cultura diferente, eles fazem as coisas de outra forma lá. Então não posso culpá-los pela forma como o país é administrado, porque é simplesmente o jeito que as coisas são. Mas eu definitivamente acho que eles poderiam ter tido uma abordagem mais cuidadosa. Porque no fim, eu acho que 95% da liga ficou doente. E eu sei que vários jogadores tiveram problemas similares aos meus, onde eles não conseguiram finalizar a temporada porque tinha algo errado. Alguns caras inclusive foram parar no hospital, com respiradores. Então foi uma situação assustadora para muitos de nós, mas ao chegar, eles basicamente falaram para a gente que era 100% certo que iríamos ficar doentes em determinado ponto, então sabíamos os riscos ao participar. 

Eu acho que na América do Norte você seria processado na hora só por falar isso.

Você seria. É engraçado, quando eles falaram comigo pela primeira vez, eles falaram “você já teve COVID?” e eu respondi “não.” E eu estava pensando que isso era uma coisa boa. Mas aí eles ficaram tipo “puts, seria melhor se você já tivesse tido, porque aí significaria que você não pegaria de novo” (nota das NHeLas: já foi comprovado que isso não é verdade, então usem máscaras e sigam os protocolos, fãs!) E eu fiquei tipo “oh.” (risos) Eles falaram “dentro das primeiras duas semanas, você provavelmente vai pegar.” Eu consegui durar quase um mês e meio antes de pegar, o que não sei explicar, fui muito, muito sortudo. Mas, basicamente todo mundo que foi para lá pegou, a não ser que a pessoa já tivesse tido no verão. 

Pensando no futuro, quais os seus planos e expectativas para a próxima temporada? E como é sua rotina na intertemporada, o que você costuma fazer?

Minha expectativa para a próxima temporada é permanecer na América do Norte, e eu tenho algumas oportunidades de ir para alguns camps ou então já assinar um contrato na AHL direto. Eu sei que muitos dos caras que jogavam na KHL, e que estão na NHL agora, tiveram uma pontuação similar à minha em menos jogos. Então para mim, eu vejo isso e falo “se eles tinham menos pontos que eu, e estão jogando na NHL, eu provavelmente poderia fazer o mesmo.” E eu realmente acredito que, se eu não tivesse meu histórico de lesões, eu estaria lá neste momento. Mas, você sabe, você não pode controlar essas coisas. Obviamente, é difícil às vezes, mas eu sou muito grato pela forma como tudo aconteceu na minha vida até agora. Mas é, eu tenho algumas oportunidades. E eu realmente acho que uma vez que eu tenha a chance de me mostrar, tudo ficará bem.

Minha rotina, basicamente, o que eu faço é treinar na academia. Geralmente, nessa época do ano, treino três vezes por semana. E aí, quando chega mais perto da temporada, mais ou menos em junho, eu começo a ir quatro vezes na semana, julho, quatro vezes na semana, agosto, quatro vezes na semana. Então, no final de julho eu começo a ir pro gelo duas vezes na semana e continuo fazendo isso, porque não gosto de patinar muito na offseason, sinto que fico muito cansado se patinar demais. Prefiro só trabalhar em construir meu físico, aumentar minha resistência, todas essas coisas diferentes. Porque sinto que quando você tem tudo isso ajustado, e vai para o gelo, sinceramente três semanas antes da temporada começar, eu começo a aumentar o ritmo e patinar quatro ou cinco vezes na semana, e é tudo o que eu preciso para estar pronto, fisicamente. Mas ao mesmo tempo, estou descansado o bastante de modo que não fico muito cansado durante o training camp por conta de tudo isso.

Qual é a história por trás de você vestir o número 69 e como isso virou praticamente sua marca pessoal? Você acha que vai poder continuar usando esse número no futuro, dependendo de onde sua carreira te levar?

Esse ano, no Kunlun, a gente não tinha muito dinheiro no meu time da KHL, então eles tinham uma determinada quantidade de camisas pré-selecionadas, e quando estavam falando em assinar comigo, eles me ofereceram uns cinco números diferentes. Três dessas camisas eram grandes demais, então eu não podia usá-las. Elas eram quase do tamanho para goleiro. E aí as duas que eram do meu tamanho eram número 69 e, eu acho, número 52 ou 53, algum número bem sem graça o que, como vocês sabem, eu não gosto de coisas sem graça. Então, naquele momento, eu basicamente percebi que 69 era a melhor opção, além de que, eu tive a oportunidade de impressionar algumas pessoas, o que é sempre divertido. (risos) Eu gosto de fazer coisas criativas, e eu acho que muitas pessoas não usam o número 69 porque é visto de uma forma ruim pela sociedade. Mas eu não vejo nada de ruim com a mensagem que isso passa. Porque, no fim do dia, não há nada de errado com o que isso é, é uma coisa que quase todos os seres humanos fazem.

Não há nada de tabu nisso na minha mente. Você sabe, muitas pessoas, quando falam de sexo ou algo do tipo, elas acham que tem muito tabu nisso, mas na realidade, quer dizer, está literalmente na Bíblia, sabe, se a gente for voltar tanto no tempo. (risos) Então eu não vejo nada de errado com isso e acho que é uma mensagem positiva, não apenas para ser você mesmo e se divertir, porque muitas pessoas veem seu esporte como um emprego e não um jogo, e eu acredito que você pode considerá-lo as duas coisas porque, no final, se é divertido, eu sinto que você joga melhor e, se você está aproveitando aquele jogo, você joga melhor. Basicamente (o número) me escolheu. Eu não tive muita escolha, mas quando eu descobri que era minha única opção, eu fiquei bem animado porque já vinha querendo fazer algo escandaloso assim havia algum tempo e só teria acontecido se fosse minha única opção. Eu não acredito que teria a coragem de escolher 69 de cem números diferentes ou algo assim.

Você tem alguma superstição relacionada ao seu jogo? Alguma coisa que você gosta de fazer antes de cada partida?

Não, na verdade não. Eu acho que eu amarro meu patins esquerdo primeiro, o que seria a única superstição que daria para considerar como tal, mas todo o resto eu sou bem, bem tranquilo, eu me deixo levar. Antes dos jogos, eu não gosto de ficar muito pilhado. Eu gosto de me divertir e aproveitar, brincar. E quando eu faço isso, eu sinto que eu jogo melhor porque não tem absolutamente nenhum nervosismo para mim e eu saio relaxado e confiante, pronto para jogar. Mas quando eu penso demais, fico muito estressado, aí é quando eu me complico. Eu prefiro jogar com base em meus instintos e não no que acontece (na minha cabeça) porque eu sinto que quando a gente pensa muito, começa a duvidar de si mesmo. Enquanto que se você só joga pelos seus instintos, você vai bem melhor. Então quando eu chego no rinque, eu brinco, jogo um pouco de futebol, basquete, futebol americano, você sabe, só para descontrair. Daí eu faço meu aquecimento, o que não é exatamente uma rotina, o mesmo aquecimento, passo a passo. Eu tenho uma certa quantidade de exercícios, mas eu os faço numa ordem diferente. É praticamente isso. Eu entro no gelo, faço os mesmos exercícios e stick handling. Não é uma superstição, eu só estou acostumado a fazer os mesmos exercícios porque eu sei que eles esquentam o meu corpo corretamente. É basicamente assim que eu me preparo, não tem nada de muito especial, é mais tentar aproveitar cada momento disso.

Não tem uma comida ou roupas especiais?

Eu sigo uma dieta bem restrita, eu não como muito. Então normalmente antes dos jogos, eu como uma salada, depois um queijo quente com batata doce. Já com roupas, eu gosto de me divertir com isso, não presto tanta atenção, eu visto praticamente qualquer coisa e vejo se cai bem, se eu acho que ficou legal, eu uso. Se houver um código de vestimenta, eu meio que fico bem no limite do código, de modo que eu siga as regras mas ainda faça algo do meu jeito. É o que eu gosto de fazer.

Não há autoexpressão com um código de vestimenta. É por isso que eu tento seguir um pouco para não arranjar problemas, mas no final eu o faço de forma um pouco diferente.

Qual carreira você gostaria de seguir se não fosse jogador de hockey? Você pensa sobre a vida pós-hockey e o que você gostaria de fazer depois?

Sim, eu penso bastante sobre isso. Porque sempre falo para as pessoas, quando me apresento, eu não digo que sou um jogador de hockey. Primeiro, eu digo, por exemplo, eu sou um ser humano, e aí, depois de um tempo, eu conto que sou jogador de hockey, porque eu não quero que elas pensem que aquilo é exatamente quem eu sou. Eu tenho vários interesses, diversas paixões fora (do hockey). Então eu adoraria fazer algo por trás das câmeras. Eu sempre fui um fã de filmes, sempre fui um fã de televisão. Mas quando eu me mudei para LA, alguns meses atrás, eu estava cortando o cabelo num salão em Beverly Hills. E era super sofisticado, vários figurões, eu na verdade estava sentado do lado da Kesha, a cantora, o que foi super, super legal. Mas essa mulher me aborda e pede meus dados, nós começamos a conversar e acontece que ela era a vice-presidente de uma agência de modelos em Los Angeles. Então eu estava conversando com ela, ele pediu meu Instagram e me seguiu, fizemos essa conexão e ela queria que eu fizesse algumas coisas para (a agência), falasse com eles e potencialmente assinasse um contrato. E eu fiquei um pouco assustado porque eu não quero que isso interfira com o hockey, porque muitas vezes, quando você faz qualquer coisa criativa, depois volta ao hockey e as pessoas te olham de um jeito um pouco diferente. E basicamente eu mandei uma DM para ela “vamos dar sequência,” e depois cancelei o envio porque eu não estava confortável fazendo aquilo. Obviamente, é algo que eu gostaria de seguir, se a vice-presidente de uma agência me aborda do nada, eu imagino que seja um bom sinal. Honestamente, eu adoraria retomar isso uma vez que eu tenha me estabelecido ou assinado um contrato, algum tipo de segurança. Eu definitivamente amaria fazer alguma dessas três coisas, algo na indústria do entretenimento, porque eu não gosto muito quando você não pode se expressar e eu sinto que ramo é a oportunidade perfeito em que você pode literalmente ser você mesmo e não ser julgado por isso, (pelo contrário) você é aplaudido, e isso é algo que eu realmente gosto.

Então você nunca trabalharia num escritório ou coisa do tipo?

Eu não sou muito bom em ficar sentado o dia todo numa cadeira, sentado num escritório. Quer dizer, talvez, se eu estiver apaixonado por alguma coisa, eu posso tentar fazer isso, mas não é algo que eu vejo em meu futuro. Eu sou extrovertido demais. Eu um dia literalmente acordaria e diria “por que estou fazendo isso?” E aí, você sabe, compraria uma passagem só de ida para a Austrália, e cruzaria o país numa vã, só filmando e fotografando as coisas. Acho que essa é mais a minha cara, e trabalhar num escritório, o que eu não acho que tenha nada de errado, obviamente muitas pessoas têm profissões e ganham dinheiro com isso, muitas pessoas gostam. Mas para mim, é algo que eu não acho que jamais seria capaz de fazer.

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