O draft class de 2017 trouxe nomes que, ainda nas suas primeiras temporadas, se tornaram estrelas na NHL. Apesar da equipe do Colorado Avalanche ter tido a histórica pior temporada da franquia, suas chances para ganhar a primeira escolha do draft foram em vão e os Avs acabaram por selecionar em quarto. Entretanto, do outro lado dos Estados Unidos, o Philadelphia Flyers (depois de quase conquistar uma vaga nos playoffs) saltou da esperada 13ª posição para fazer a segunda escolha da noite. A cerimônia aconteceu em Chicago e muita gente selecionada lá já está deixando sua marca nos livros da NHL. Vem com a gente conferir!
NICO HISCHIER, C, NEW JERSEY DEVILS (#1 overall): The shore is alive with the sound of hockey
Nativo de uma pequena cidade na Suíça, Hischier começou a praticar o esporte com seu irmão mais velho na equipe do EHC Visp. Conforme crescia, o suíço passou a se destacar pelo seu talento. Na temporada 2015/2016 ele foi promovido para o SC Bern, equipe da liga suíça e afiliado do Visp. Em seguida, Hischier foi selecionado no Import Draft da Canadian Hockey League (CHL), pelo Halifax Mooseheads da Quebec Major Junior Hockey League (QMJHL).
Na Nova Escócia, o suíço foi destaque da equipe do Mooseheads, tendo sido o rookie do ano e ganhador do prêmio de melhor prospect da QMJHL. Depois de um World Junior Championship forte em 2017, Hischier subiu nos rankings dos prospects, sendo elencado em segundo lugar. Ao ser selecionado pelos Devils no draft de 2017, se tornou o suíço draftado mais alto e primeiro a ser escolhido com a first pick. Depois de uma pré-temporada positiva, o center entrou para o roster dos Devils e logo se viu em uma linha com Taylor Hall.
Com a temporada prolífica do winger canadense, que inclusive venceu o troféu Hart de MVP daquele ano, a presença de Hischier na primeira linha ajudou New Jersey a chegar nos playoffs. Desde então, o suíço tem sido peça chave no rebuild do time. Seu desempenho foi recompensado com uma extensão de sete anos, um ano antes de seu contrato entry level expirar. Hischier terá um salário de 7.25 milhões de dólares a partir da próxima temporada. Atualmente o center suíço conta com 135 pontos em 209 partidas disputadas na NHL.
NOLAN PATRICK, C, PHILADELPHIA FLYERS (#2 overall): De promessa que ainda não se concretizou a azarão da Philadelphia
Acho que não estou sozinha quando falo que o #2 overall de 2017 precisa, acima de tudo, de um bom banho de sal grosso. Tido como o prospect mais importante do seu draft por anos, o canadense se viu caindo para a segunda posição em Chicago depois de uma temporada com poucas aparições no major juniors. Vindo de uma família de atletas, Patrick começou no Brandon Wheat Kings da Western Hockey League, bem próximo da sua cidade natal, Winnipeg.
Embora já estivesse no radar dos olheiros, foi a temporada 2015/2016 que colocou Patrick como o possível (e provável) top prospect do seu draft. Juntamente com Ivan Provorov, recém draftado pelos Flyers em 2015, o center foi campeão da WHL e chegou às finais da Memorial Cup. Embora Patrick tenha terminado o ano com 102 pontos em 72 partidas, foi ali que seus problemas com uma hérnia causada pelo esporte começaram. Na off-season o jogador fez sua primeira cirurgia para corrigir o problema, e foi revelado que ele havia se lesionado antes mesmo dos playoffs começarem.
Nomeado capitão dos Wheat Kings na temporada seguinte, o canadense iniciou seu ano de elegibilidade com muitas expectativas. Entretanto, complicações da hérnia fizeram com que ele tivesse apenas 33 aparições em partidas da sua equipe. Ainda assim, ele terminou o ano em primeiro lugar no ranking de prospects e foi selecionado pelo Philadelphia Flyers em segundo no draft. A incerteza acerca da saúde de Patrick veio à tona quando foi revelado que ele havia feito outra cirurgia reparadora da hérnia, e por isso o jogador não participou do prospect camp dos Flyers.
Patrick ganhou uma vaga na equipe dos Flyers naquela temporada e terminou sua modesta campanha com 30 pontos em 73 partidas. Nos playoffs daquele ano o jogador foi um dos principais nomes da sua equipe no confronto contra o arquirrival Pittsburgh Penguins, mas a equipe de Philly foi eliminada em seis jogos. A segunda temporada do center na NHL teve números basicamente iguais à primeira, mas o atleta novamente se viu fora de muitos jogos após hits em sua cabeça.
Em setembro de 2019 Philadelphia tornou pública a informação de que o jogador havia sido diagnosticado com uma síndrome crônica que causa enxaquecas, razão pela qual o canadense não atuou nesta temporada, nem mesmo no retorno da Liga após a paralisação pelo COVID-19. Atualmente, Patrick é um restricted free agent e seu próximo contrato, bem como seu status de saúde, ainda são uma incógnita. (A autora pergunta a você, caro leitor: quanto custa enviar alguns – ou vários – pacotes de sal grosso para o Wells Fargo Center? #FreeNolan)
MIRO HEISKANEN, D, DALLAS STARS (#3 overall): O xerifão do Sul, proprietário do Texas inteiro
O finlandês começou sua carreira no clube de sua cidade natal, o Espoo Blues, mas logo se juntou ao HIFK, pelo qual fez sua estreia profissional na Liiga aos 17 anos, durante seu ano de elegibilidade. Apesar da tenra idade, Heiskanen jogou no primeiro par de defesa e terminou a temporada como o defensor europeu mais bem ranqueado entre os prospects. O defensor foi, então, selecionado pelo Dallas Stars com a terceira escolha.
Mesmo assinando seu contrato com Dallas logo após o draft, Heiskanen foi emprestado ao HIFK. Lá ele marcou 23 pontos em 30 partidas, mais do que dobrando sua produção do ano anterior. O finlandês estreou diretamente na NHL, sem passar por um período de adaptação na American Hockey League (AHL) como a maioria dos defensores europeus. Este fato, por si só, já aponta o quão especial é o defensor, que foi o segundo mais jovem de sua posição a marcar na história da franquia.
Heiskanen continuou em ascensão, tendo sido o escolhido para representar sua equipe no All Star Game de 2019, com stats consideráveis dentre o ranking dos rookies. Com a equipe do Texas marcando presença nos playoffs de 2019, o finlandês se tornou o terceiro defensor com menos de 20 anos a marcar dois gols em um jogo de pós-temporada. Com uma maturidade além do comum, o finlandês deu esperanças à torcida dos Stars, que durante tanto tempo teve em John Klingberg sua única estrela na blue line. Em sua segunda temporada regular na Liga o atleta teve um aproveitamento bom, pontuando 35 vezes em 68 partidas.
Entretanto, foi no retorno após a paralisação que Heiskanen desabrochou de vez, e se colocou na discussão para o Conn Smythe de MVP da pós-temporada. Em 26 partidas, o finlandês tem 26 pontos, um aproveitamento surpreendente para alguém, não só da sua posição como da sua idade. Não é exagero falar que, se Dallas tivesse conquistado a Stanley Cup de 2020, o jovem defensor seria um dos principais nomes cotados para a honraria de MVP. A carreira de Heiskanen está apenas começando, mas já podemos afirmar que ele se firmará como um dos grandes defensores na história de sua equipe e, quem sabe, da Liga como um todo.
CALE MAKAR, D, COLORADO AVALANCHE (#4 overall): BB couve, florescendo no Colorado
Embora tenha sido selecionado no draft da WHL pelo Medicine Hat Tigers, o defensor canadense optou pelo hockey universitário da National Collegiate Athletic Association (NCAA). Após seu draft em 2017, Makar iniciou sua carreira universitária pela University of Massachusetts-Amherst. Na NCAA o jovem defensor desabrochou como um wunderkind na blue line da sua equipe, sendo o ganhador do Hobey Baker, troféu de melhor jogador, da liga universitária.
Ao final de sua segunda temporada, entretanto, Makar já sentia-se pronto para a NHL. Por isso, em abril de 2019 ele assinou seu contrato com o Colorado Avalanche, fazendo sua estreia profissional no jogo três do primeiro round dos playoffs daquele ano. Makar chegou na Liga com um bang, marcando um gol em sua primeira oportunidade. Mesmo com a eliminação dos Avs no segundo round, o canadense já havia deixado sua marca no coração da torcida.
Com a troca de Tyson Barrie na off-season de 2019, o lugar de Makar como quarterback do power play de Colorado já estava certo. As expectativas com relação à campanha do jovem defensor eram grandes, e podemos falar que elas foram atingidas e, quiçá, superadas. Makar se tornou o segundo defensor do Avalanche a fazer 18 pontos em 18 jogos em novembro de 2019, mas uma lesão o deixou de fora de algumas partidas. Ele terminou a temporada com 50 pontos em 57 jogos.
Dinâmico e tenaz, o canadense continuou jogando em alto nível e quebrando recordes na pós-temporada. Makar terminou a campanha com seu Avalanche no segundo round, tendo uma média de um ponto por jogo. Para coroar sua primeira temporada completa na Liga, o defensor recebeu o Calder Trophy. Makar esteve em todas as fichas de votação e nenhum dos consultados o colocou em uma posição abaixo do segundo lugar. O canadense já é uma estrela com apenas 21 anos, e seu talento com certeza trará muitas alegrias para os torcedores dos Avs.
ELIAS PETTERSSON, C, VANCOUVER CANUCKS (#5 overall): O encantador de orcas, que veio libertar os Canucks do sofrimento (será?)
Os deuses do hockey sorriram para Vancouver quando a equipe canadense escolheu o center sueco com a quinta escolha (após perder mais uma loteria do draft). Pettersson começou sua carreira no Timra IK, da segunda liga mais importante da Suécia. Entretanto, logo antes de seu draft ele assinou um contrato de três anos com o Vaxjo Lakers da Swedish Hockey League (SHL). Ranqueado em segundo dentre os patinadores europeus, o sueco foi selecionado pelos Canucks.
Embora ainda fosse tido como um jogador junior, ele teve uma temporada de estreia avassaladora na SHL. Com 56 pontos em 44 jogos, o center quebrou o recorde (de 40 anos!) de maior pontuação por um jogador jovem na liga. Nos playoffs não foi diferente, com 19 pontos em 13 partidas, Pettersson foi o MVP do time e venceu o campeonato sueco. Além disso, ele agraciou a internet com a tradicional sessão de fotos feita pelo MVP, afinal o sueco foi o verdadeiro golden boy da SHL naquela temporada. (Aqui a autora gostaria de dizer que, na opinião dela, ele deveria fazer o mesmo, só que com tinta prata, caso um dia ganhe o Conn Smythe)
Pettersson já marcou seu primeiro gol na Liga durante a sua estreia, contra o Calgary Flames. A presença do center no elenco dos Canucks trouxe de volta a esperança ao torcedor. A química de Pettersson com o winger Brock Boeser também foi parte considerável da adaptação rápida do sueco à NHL. Em sua primeira temporada, ele marcou 66 pontos em 71 partidas e venceu o Calder Trophy de melhor rookie, conquistando o coração de Vancouver.
A temporada seguinte tinha tudo para ser ainda melhor não fosse a paralisação, já que o jogador havia atingido o mesmo número de pontos do ano anterior, em menos jogos. Na pós-temporada pela primeira vez neste ano, o sueco marcou 18 pontos em 17 partidas. Tudo indica que a jornada de Pettersson enquanto superstar da NHL está apenas no início, o que fará com que a conferência do Pacífico seja destaque nos próximos anos.
NICK SUZUKI, C, VEGAS GOLDEN KNIGHTS (#13 overall): (atualmente do Montreal Canadiens): the Hab way of life!
O canadense iniciou sua carreira no major juniors no Owen Sound Attack da Ontario Hockey League (OHL). Com números que fizeram com que ele se destacasse, o jogador foi escolhido em 13º com uma das várias escolhas que Vegas teve no primeiro round de 2017. Considerando que o center ainda precisava se desenvolver mais, ele foi retornado à sua equipe da OHL, onde bateu a marca de 100 pontos.
Na intertemporada de 2018 Suzuki foi trocado para o Montreal Canadiens juntamente com Tomas Tatar, com Max Pacioretty indo para o Golden Knights. Ainda assim, o canadense jogou seu ano draft+2 na OHL, sendo trocado do Sound Attack para o Guelph Storm depois de 30 partidas. A chegada definitiva do jogador à NHL ocorreu apenas na última temporada.
Em 71 partidas, Suzuki anotou 41 pontos em uma equipe marcada pela inconstância. Entretanto, nos playoffs o jovem center teve um desempenho satisfatório, anotando sete pontos em 10 partidas. Com o movimento de reconstrução do elenco dos Habs, Suzuki encontrará ainda mais espaço para se desenvolver em um jogador de qualidade.
ROBERT THOMAS, C, ST. LOUIS BLUES (#20 overall): Não, não é o vocalista do Matchbox Twenty (Alexa, toca Unwell)
Ser homônimo de um rockstar é mais um dos fatores que fazem o center canadense se destacar dentre seus colegas. A carreira de Thomas se iniciou na OHL, com a potência do London Knights e uma campanha bem sucedida que culminou na vitória da Memorial Cup. Por ter sido seu primeiro ano na liga junior, o center fez apenas 15 pontos em 40 partidas.
Após três anos na OHL, Thomas estreou por St. Louis na temporada 2018/2019, fazendo 33 pontos em 70 partidas. Aos 19 anos ele fez história ao ajudar a equipe a chegar nas finais da conferência, dando duas assistências no jogo sete. Apesar de sua pouca idade e das lesões, Thomas foi importante na campanha vitoriosa dos Blues, e consagrou-se campeão da Stanley Cup.
MENÇÕES HONROSAS:
Cody Glass, C, Vegas Golden Knights (#6 overall): o center canadense foi a primeira escolha da história da franquia do Vegas Golden Knights.
Lias Andersson, C, New York Rangers (#7 overall): o sueco ficou conhecido no Twitter quando jogou a sua medalha de prata para a plateia após a cerimônia de premiação do World Juniors. Embora ele tenha sido um prospect muito visado antes do seu draft, suas relações com o New York Rangers, equipe que o selecionou, esfriaram consideravelmente e ele retornou à Suécia.
Martin Necas, C, Carolina Hurricanes (#12 overall): o jovem tcheco faz parte do jovem elenco dos Canes e já demonstra que poderá ser uma peça valiosa da equipe.
Erik Brannstrom, D, Vegas Golden Knights (#15 overall): o prospect sueco foi fator determinante na troca que levou Mark Stone para o Vegas Golden Knights. Atualmente joga no Belleville Senators, afiliado de Ottawa na AHL.
Kailer Yamamoto, RW, Edmonton Oilers (#22 overall): o pequeno winger aprendeu a patinar com a mãe de Tyler Johnson, do Tampa Bay Lightning. Ele vem, aos poucos, ganhando espaço no elenco do Edmonton Oilers.
Morgan Frost, C, Philadelphia Flyers (#27 overall): apesar de alguns probleminhas disciplinares, Frost foi destaque do Sault St. Marie Greyhounds e, posteriormente, do Lehigh Valley Phantoms, afiliado dos Flyers na AHL.