O NHeLas continua te contando como foi o NHL Draft de 2015 (se você não leu a primeira parte, clique aqui), considerado um dos melhores da história da NHL. Além dos jogadores que trouxemos para vocês na parte I, outros nomes importantes também foram selecionados em Sunrise, Flórida.
MIKKO RANTANEN, RW, COLORADO AVALANCHE (#10 overall): já veio para o Brasil, logo é nosso favorito
Rantanen iniciou a carreira profissional no HC TPS da SM-Liiga, primeira divisão da Finlândia, aos 16 anos. Nos dois anos que seguiram o winger se destacou, chegando ao Draft como o primeiro patinador no ranking europeu. Na Flórida, o finlandês foi selecionado pelo Colorado Avalanche com a décima escolha, assinando seu contrato com o clube americano antes do training camp daquele ano.
Embora tenha impressionado durante o training camp, Rantanen atuou em poucos jogos na NHL antes de ser mandado para a American Hockey League (AHL). O finlandês disputou a temporada 2015-16 e algumas partidas do ano seguinte pelo San Antonio Rampage, antes de voltar aos Avs. Em Denver, o winger teve uma temporada razoável, com respeitáveis 20 gols naquela que ficou conhecida como uma das piores campanhas da história da Liga.
O ano seguinte, entretanto, foi um divisor de águas na carreira de Rantanen. Com 84 pontos em 81 partidas, o finlandês finalmente despontou como uma estrela. Jogando ao lado de Nathan MacKinnon e Gabriel Landeskog, o trio se tornou uma das melhores linhas da NHL já no início da temporada seguinte, 2018-19. Com a ajuda de Rantanen, os Avs chegaram aos playoffs em três temporadas consecutivas, e atualmente são considerados como uma das equipes favoritas.
O altíssimo desempenho do winger fez com que ele tivesse um grande aumento em seu segundo salário. Em 2019 o finlandês assinou um novo contrato, avaliado em 9,25 milhões de dólares por ano. Atualmente, o atleta tem 99 gols e 151 assistências, somando 250 pontos em sua carreira profissional pelo Colorado Avalanche.
MATHEW BARZAL, C, NEW YORK ISLANDERS (#16 overall): o muso do hockey twitter brasileiro
O canadense iniciou sua carreira no major juniors no Seattle Thunderbirds da Western Hockey League (WHL), onde se destacou. Entretanto, equipes como o Boston Bruins (que contou com TRÊS escolhas seguidas naquele ano) optaram por não escolher o center, e ele foi selecionado em 16º pelo New York Islanders.
Embora tenha assinado o contrato com os Isles após o draft, Barzal voltou à WHL para mais uma temporada depois de ser draftado. Sua estreia na NHL só aconteceu na temporada seguinte, em 2016-17, na qual disputou duas partidas antes de ser devolvido aos Thunderbirds. A entrada definitiva do canadense na Liga ocorreu em 2017-18, quando ele impressionou a todos.
O resultado da campanha de estreia de Barzal foi acima das expectativas, vez que ele pontuou 85 vezes em 82 partidas, vencendo o Calder Trophy de melhor rookie. Entretanto, tais números não foram o bastante para chegar aos playoffs com os Isles. O center apenas teve tal experiência em 2018/2019, mas seu desempenho até agora irá dar uma boa dor de cabeça para o New York Islanders quando começarem as negociações de seu próximo contrato.
KYLE CONNOR, LW, WINNIPEG JETS (#17 overall): de Michigan a Manitoba em um ano (ou menos)
Antes do draft, o americano jogou pelo Youngstown Phantoms da USHL. Após ser selecionado pelo Winnipeg Jets no primeiro round de 2015, Connor jogou na Universidade de Michigan por uma temporada, tendo marcado 71 pontos naquele ano. Apesar de ter coletado diversos prêmios e batido recordes por seu desempenho na temporada de calouro, ele perdeu o Hobey Baker, dado ao MVP da NCAA, para Jimmy Vesey da Universidade de Harvard (atualmente jogador do Buffalo Sabres).
Embora Connor tenha assinado seu contrato profissional em abril de 2016, a estreia dele no gelo veio apenas na temporada 2016-17. O americano passou este ano alternando entre aparições pela equipe da NHL e o Manitoba Moose, seu afiliado na AHL. No ano seguinte, Connor disputou apenas quatro partidas na AHL e se tornou um jogador da NHL full time, com 57 pontos em 76 partidas.
Nos dois anos seguintes o winger americano se tornou cada vez mais importante para Winnipeg. Isto porque a equipe tem dificuldades em se tornar um pólo atraente para eventuais free agents e então precisa construir um plantel forte com suas escolhas no Draft. Connor foi definitivamente um tiro certeiro dos Jets, já que marcou 66 pontos em 2018-19 e já havia superado esse número em menos jogos nesta última temporada, somando 73 pontos antes da paralisação. Em setembro de 2019, ele estendeu seu compromisso com os Jets por mais sete anos, com salário de aproximadamente US$7,1 milhões anuais.
THOMAS CHABOT, D, OTTAWA SENATORS (#18 overall): e o fardo que ele carrega nas costas (também conhecido como seu próprio time)
Toda vez que ouvimos as palavras “Com a X escolha, o Ottawa Senators escolhe…” atualmente, um sentimento de pesar toma conta do nossos corações. Afinal, a organização não vem sendo um bom exemplo de, bem, organização. Entretanto, quando esse jovem defensor canadense foi draftado, há cinco anos, as coisas não iam de mal a pior para a equipe da capital do Canadá. Ora, o principal defensor do time era Erik Karlsson (com duas pernas inteiras) e o sueco era o coração pulsante da defesa dos Sens. Assim Chabot teria, em teoria, Karlsson como seu mentor quando chegasse à NHL.
Durante sua carreira no major juniors, o defensor defendeu o Saint-John Sea Dogs da Quebec Major Junior Hockey League (QMJHL). Mesmo após ser draftado em 2015, Chabot retornou à QMJHL para ganhar mais experiência. Sua estreia profissional aconteceu apenas na temporada 2016-17, quando ele disputou um jogo pelos Senators antes de retornar para os Sea Dogs. No ano seguinte, em 2017/2018, o defensor começou a temporada na AHL, no Belleville Senators. Mas logo o canadense foi chamado para a NHL, tendo completado a temporada com 63 partidas jogadas na Liga.
No ano seguinte, o defensor teve um desempenho muito bom, apesar de sua equipe seguir aos trancos e barrancos. Com 55 pontos, Chabot pontuou no top 10 entre os defensores da NHL. Por conta das mudanças sofridas no elenco de Ottawa, o canadense viu não só o seu tempo no gelo aumentar, como sua emergência como uma das figuras de liderança dentro do vestiário dos Sens. Devido ao seu potencial, Chabot emerge com a possibilidade de ser um dos grandes defensores da Liga no futuro. Assim, em setembro de 2019 ele assinou sua extensão com Ottawa, avaliada em 8 milhões anuais por mais oito anos.
BROCK BOESER, RW, VANCOUVER CANUCKS (#23 overall): Prince Charming em uma aventura pelo Oeste canadense
O americano jogou por times da United States Hockey League (USHL), tendo sido draftado do Waterloo Black Hawks. Diferentemente da maioria de seus compatriotas, ele não fez parte do USA Hockey National Team Development Program (USNTDP). Após ser escolhido pelos Canucks, Boeser foi jogar hockey universitário pela University of North Dakota na National Collegiate Athletic Association (NCAA).
Depois de duas campanhas encorajadoras na NCAA (apesar de uma lesão no pulso que o tirou do gelo por dois meses), Boeser fez sua estreia profissional pelos Canucks no final da temporada 2016-17. O sucesso do americano, entretanto, veio apenas no ano seguinte, quando ele fez 55 pontos em apenas 62 partidas disputadas. Embora tenha perdido quase 20 jogos no final da sua temporada de estreia por conta de uma lesão nas costas, Boeser ainda foi indicado ao Calder Trophy de 2018, que foi vencido por Mat Barzal.
No ano seguinte o americano começou a temporada bem, mas outra lesão, dessa vez em sua virilha, impediu que ele participasse de todos os jogos da temporada 2018-19. Em 69 partidas Boeser somou 59 pontos, sendo eles 26 gols e 30 assistências. No final da intertemporada o winger assinou um bridge contract (isto é, uma extensão curta) com os Canucks por três anos, com salário de aproximadamente 5,8 milhões de dólares anuais. Antes da paralisação pelo COVID-19, o americano havia feito 45 pontos em 57 partidas disputadas nesta temporada.
SEBASTIAN AHO, C, CAROLINA HURRICANES (#35 overall): will the real Sebastian Aho please stand up?
O center começou a sua carreira profissional no Oulun Kärpät da Liiga, primeira divisão finlandesa, na temporada 2013-14. Suas atuações em seu país natal foram impactantes o bastante para que ele fosse colocado no top 20 de patinadores europeus no ranking antes do draft. Ainda assim, Aho só foi selecionado no segundo round, quando o Carolina Hurricanes o selecionou com a 35ª escolha daquela noite. O contrato com a equipe da NHL só foi assinado no ano seguinte, em 2016, quando o finlandês se mudou para a América do Norte.
A partir daí, Aho foi se destacando cada vez mais na equipe que o draftou. Embora tenha um xará sueco, o finlandês de Carolina consegue se destacar como o Sebastian Aho mesmo sendo tímido e uma pessoa de poucas palavras nas entrevistas que concede. Em sua primeira temporada, ele não conseguiu chegar aos 50 pontos, mas a partir do ano seguinte não marcou menos do que 65. Sua temporada mais bem sucedida foi, sem dúvidas, a terceira e última em seu contrato de calouro. Aho fez 85 pontos e foi fundamental na ida do seu time para os playoffs. O problema, todavia, foi na hora de negociar a renovação contratual com os Canes.
Por ter definitivamente sido parte importantíssima do tour de force que foi a última temporada dos Canes, o finlandês foi uma das estrelas da janela de negociações. Afinal, ele nos forneceu o DRAMA (!!!!) de uma offer sheet na intertemporada passada. Além de gols bonitos, Aho definitivamente sabe oferecer entretenimento para a torcida. No final das contas, o center assinou um contrato de cinco anos, diminuindo seu caminho até a free agency, avaliado em pouco mais de 8,4 milhões anuais. Na temporada 2019/2020, Aho fez 66 pontos em 68 partidas disputadas.
MACKENZIE BLACKWOOD, G, NEW JERSEY DEVILS (#42 overall): uma figura importante no próximo capítulo das rivalidades da Metro? Só o tempo dirá.
As traves de New Jersey não são traves quaisquer. Os goleiros que vieram depois do lendário Martin Brodeur sentiram a pressão da posição (embora Cory Schneider tenha tido seus bons momentos no gol dos Devils). Ao draftar Mackenzie Blackwood, primeiro goleiro ranqueado na América do Norte em 2015, os Devils pensaram que talvez seria diferente com o jovem canadense. Não que Blackwood estivesse perto da expectativa de ser um goleiro generacional (essa discussão será retomada no texto de 2016, aguardem!), é claro.
O canadense iniciou sua carreira de major juniors no Barrie Colts da Ontario Hockey League (OHL), onde jogou por três temporadas. A profissionalização veio quando ele se tornou elegível para disputar a AHL, tendo então passado a integrar o elenco do Albany Devils (que eventualmente se tornou o Binghamton Devils) para adquirir experiência. No ano seguinte ele dividiu seu tempo entre a AHL e a East Coast Hockey League (ECHL), onde jogou pelo afiliado dos Devils, Adirondack Thunder.
Em 2018-19, Blackwood começou a temporada na AHL, como esperado. Entretanto, uma lesão de Cory Schneider em dezembro fez com que ele fosse promovido à NHL. Desde então o canadense vem sido revezado com Schneider, já que o último está na metade final da sua carreira. Com 70 partidas disputadas, sendo 64 iniciadas por ele, Blackwood tem um uma porcentagem de defesas de .916 e média de 2,72 gols sofridos por jogo. Considerando o último ano dos Devils, onde ocorreram grande parte destes jogos, ele tem, de fato, potencial para ser um bom goleiro na Liga.
MENÇÕES HONROSAS:
Travis Konecny, RW/C, Philadelphia Flyers (#24 overall): conhecido por sua tenacidade, o canadense teve seu contrato renovado por mais seis anos em 2019. Diferentemente do que acontece com muitos jogadores, Konecny rendeu muito mais após a assinatura do contrato do que no ano que antecedeu esta. Os 5,5 milhões anuais podem se tornar uma pechincha em breve…
Anthony Beauvillier, LW, New York Islanders (#28 overall): aquele que tentou entrosar com a Anna Kendrick no Twitter e virou herói de diversas histórias muito prováveis e verídicas.
Travis Dermott, D, Toronto Maple Leafs (#34 overall): conhecido por sua ofensividade, Dermott jogou no Erie Otters da OHL com Connor McDavid, Dylan Strome e Alex DeBrincat. Além disso, é pai de pets muito fofos.
Brandon Carlo, D, Boston Bruins (#37 overall): junto com Zdeno Chara em 2016-17, ele formou o que é provavelmente uma das defesas mais altas da história da NHL, além de terem quase 20 anos de diferença entre eles.
Roope Hintz, C, Dallas Stars (#49 overall): o finlandês chegou na NHL com um bang!, já que foi muito importante para a sua equipe tanto durante a temporada regular, quanto nos playoffs. Afinal, o center fez cinco gols na campanha dos Stars nos playoffs de 2019.
Vince Dunn, D, St. Louis Blues (#56 overall): foi campeão da Stanley Cup com os Blues em 2019 com a mandíbula quebrada. O jogador precisou fazer quatro cirurgias na boca, além de implantar cinco novos dentes.