A 52ª edição do NHL Draft ocorreu em 27 e 28 de junho de 2014, no Wells Fargo Center, casa do Philadelphia Flyers. A elegibilidade dos atletas disponíveis para seleção ia daqueles nascidos em 01/01/1994 até 15/09/1996, a data limite estabelecida pelo CBA (Collective Bargain Agreement).
Quanto a atletas não provenientes da América do Norte, a sua elegibilidade se estendia aos nascidos no ano de 1993. O mesmo se aplica àqueles nascidos depois de junho de 1994 que foram draftados em 2012 mas não assinaram contrato com os clubes que os escolheram.
Os rankings oficiais estabelecidos pelos olheiros traziam um top 3 dos patinadores norte-americanos, formado pelos canadenses Sam Bennett, Aaron Ekblad e Sam Reinhart. Já os europeus foram ranqueados na seguinte ordem em seu top 3: Kasperi Kapanen, William Nylander e Kevin Fiala. Os goleiros mais bem ranqueados foram Thatcher Demko (América do Norte) e Ville Husso (Europa).
A primeira escolha foi dada ao Florida Panthers após a loteria do draft. Assim, a equipe de Sunrise pulou da segunda posição para o desejado primeiro lugar.
AARON EKBLAD, D, FLORIDA PANTHERS (#1 overall): o xerife de Sunrise
O canadense foi o primeiro defensor a ser escolhido com a primeira escolha do draft desde que o St. Louis Blues optou por Erik Johnson em 2006. Desde então apenas um outro jogador desta posição foi selecionado em primeiro, o sueco Rasmus Dahlin, 1st overall do Buffalo Sabres em 2018.
Natural de Windsor, na província de Ontário, Ekblad iniciou sua carreira no major juniors com status de jogador excepcional. Isso permitiu que ele passasse a competir na Ontario Hockey League (OHL) com 15 anos.
No Barrie Colts, o defensor competiu por três anos, durante os quais se destacou por sua maturidade no gelo e fora dele. Na votação dos técnicos da OHL, Ekblad foi lembrado em diversas categorias no seu ano de elegibilidade para o draft e terminou a temporada 2013-14 ranqueado em segundo lugar entre os patinadores da América do Norte.
Quando os Panthers foram chamados ao palco na Filadélfia o defensor canadense foi escolhido. A equipe da Flórida visando um 1D que fosse servir à blue line do clube durante muito tempo.
Após uma excelente campanha em seu primeiro ano da NHL, Ekblad venceu o Calder Memorial Trophy de melhor novato. O defensor canadense desbancou Mark Stone, então jogador do Ottawa Senators, e Johnny Gaudreau, do Calgary Flames. Embora tenha sofrido com concussões em seus primeiros cinco anos na Liga, Ekblad é parte importante da defesa dos Panthers e é uma das figuras de liderança no vestiário da equipe.
SAM REINHART, C, BUFFALO SABRES (#2 overall): “não podemos esperar ganhar jogos por 6 a 5”
Reinhart iniciou sua carreira pelo Kootenay Ice da Western Hockey League (WHL), de onde foi selecionado pelo Buffalo Sabres com a segunda escolha do draft de 2014. Embora o canadense tenha estreado pela equipe americana na temporada 2014-15, ele atuou em apenas nove partidas antes de ser retornado à WHL. Com o fim da temporada do Ice, o center chegou a atuar pelo Rochester Americans da American Hockey League (AHL).
Entretanto, apesar de ter sido draftado em uma posição alta, o rendimento do jogador é alvo de críticas desde que ele se firmou na NHL. Reinhart não obteve o sucesso que os Sabres esperavam quando o selecionaram, e sua importância na equipe foi diminuindo com o surgimento de outros jogadores no plantel de Buffalo. Atualmente o atleta soma 109 gols e 146 assistências em 400 jogos, totalizando 255 pontos.
LEON DRAISAITL, C, EDMONTON OILERS (#3 overall): gosto muito de te ver, leãozinho
Sem dúvidas um forte candidato ao título de melhor jogador da sua classe, o alemão Draisaitl optou por jogar na Canadian Hockey League (CHL), sendo selecionado pelo Prince Albert Raiders da WHL.
O jogador estreou na temporada 2014-15 e chegou a competir em 37 partidas pela equipe de Alberta antes de ser retornado à WHL. Esta decisão fez com que os Oilers “queimassem” um ano do contrato do alemão. Draisaitl foi trocado para o Kelowna Rockets durante o World Junior Championships de 2015.
Após a seu retorno para o major juniors, o jogador levou os Rockets ao título da WHL, que lhes deu acesso à final da Memorial Cup. Apesar da derrota para o Oshawa Generals, o alemão foi nomeado o MVP da competição.
A primeira temporada de Draisaitl na NHL já foi promissora, com 51 pontos em 72 partidas. No ano seguinte, os Oilers demonstraram que os dias tenebrosos poderiam estar em seu passado, com a química entre diversos de seus jogadores, dentre eles Draisaitl e Connor McDavid.
Nos playoffs da temporada seguinte, 2016-17, a última do seu contrato de calouro, o alemão fez uma campanha memorável com 16 pontos em 13 jogos na primeira aparição dos Oilers na pós-temporada desde 2006.
Naquela off-season Draisaitl assinou sua extensão com Edmonton, avaliado em cerca de 8.5 milhões anuais por oito anos. O contrato foi criticado na época, pois a situação da folha de pagamento do clube não trazia espaço para otimismo. Além disso, temia-se que o atleta não atingiria um patamar de produção que justificaria o salário.
Entretanto, podemos dizer que o alemão superou as expectativas. Os números do jogador falam por si: 77 pontos em 82 jogos em 2016-17; 70 pontos em 78 jogos em 2017-18; 105 pontos em 82 jogos em 2018-19; por fim, os impressionantes 110 pontos em 71 jogos em 2019-20. A produção de Draisaitl poderia ter sido ainda maior, caso a temporada não tivesse sido interrompida pela pandemia de COVID-19.
Chamado de “Gretzky alemão”, o jogador já pode muito bem ser considerado o melhor de sua terra natal a ter jogado hockey. Afinal, Draisaitl foi o primeiro alemão a ganhar o Art Ross Trophy (de maior pontuador na temporada regular), além de ter sido o terceiro atleta dos Oilers a fazê-lo, tendo apenas Wayne Gretzky e Connor McDavid em sua companhia.
WILLIAM NYLANDER, RW, TORONTO MAPLE LEAFS (#8 overall): de promessa no gelo à ícone fashion
O sueco Nylander na verdade é natural de Calgary, no Canadá. Isso porque ele e seu irmão, Alex (draftado em 2016), nasceram enquanto o pai deles, Michael Nylander, atuava pelos Flames. Com o hockey no sangue, o winger teve sua estreia profissional ao lado do pai, no Södertälje SK da segunda divisão sueca.
No seu ano de elegibilidade, ele defendeu o MODO da Swedish Hockey League (SHL) e foi selecionado em oitavo pelo Toronto Maple Leafs, o segundo maior nome draftado no processo de rejuvenescimento da equipe.
A temporada seguinte foi dividida entre o MODO Hockey e o Toronto Marlies da AHL, que competiu pelos playoffs da Calder Cup naquele ano. Entretanto, a estreia de Nylander na NHL ocorreu apenas em fevereiro de 2016, jogando 22 partidas naquela temporada.
Mas o sueco se tornou parte integral do Maple Leafs no ano seguinte, quando passou a atuar na wing de Auston Matthews. Durante a sua primeira temporada completa, Nylander anotou 61 pontos em 81 partidas, e foi parte importante da classificação de Toronto para a pós-temporada.
Altamente criticado por não ser tão constante quanto a torcida (e a comissão técnica) desejavam, Nylander ainda não conseguiu passar dos 61 pontos. Outro ponto de polêmica envolvendo o sueco se passou durante suas negociações de contrato. O jogador perdeu quase três meses, além do training camp, quando a diretoria de Toronto e seus representantes não conseguiam chegar a um acordo acerca dos termos da sua extensão. Por fim, ambas as partes concordaram em um vínculo de seis anos por cerca de 6.9 milhões de dólares anuais. Na última temporada Nylander vinha somando pontos com mais frequência do que nos anos anteriores, chegando a 59 em 68 partidas antes da paralisação.
NIKOLAJ EHLERS, RW, WINNIPEG JETS ( #9 overall): the (next) Great Dane
Após iniciar sua carreira na Europa, o dinamarquês se mudou para a América do Norte para jogar na Quebec Major Junior Hockey League (QMJHL). Depois de uma temporada com o Halifax Mooseheads, o winger recebeu uma boa colocação no ranking de patinadores atuando na América do Norte. Assim, o Winnipeg Jets escolheu Ehlers com a nona pick no draft de 2014.
Mesmo assinando seu contrato profissional com a equipe de Manitoba depois do draft, o dinamarquês retornou a Halifax para mais um ano na QMJHL. Depois de uma temporada de destaque na liga júnior, Ehlers chegou a ser convocado pelos Jets, mas a equipe foi eliminada dos playoffs antes que ele pudesse contribuir.
De 2015-16 para frente o dinamarquês se tornou parte importante da equipe de Winnipeg, e hoje é uma peça fundamental no ataque dos Jets. Ehlers soma 257 pontos em 369 partidas e em outubro de 2017 assinou o contrato que o deixaria mais sete anos na equipe, com uma média salarial de 6 milhões de sólares por ano.
DYLAN LARKIN, C, DETROIT RED WINGS (#15 overall): hometown boy em busca da glória
Se alguém perguntasse para o pequeno Dylan “qual escudo você gostaria de usar no peito quando for jogador da NHL?” a resposta com certeza seria a roda alada de Detroit. Natural de Michigan, o americano cresceu torcendo pela equipe que eventualmente o draftou.
Entretanto, antes da NHL bater à sua porta, Larkin jogou pelo USA Hockey National Team Development Program (USNTDP). Após o draft, o center iniciou sua carreira universitária na Universidade de Michigan, que defendeu por uma temporada.
Com o fim da campanha de Michigan em 2014-15, Larkin decidiu assinar seu contrato profissional com seu time de infância. Desta forma, ele terminou a temporada no Grand Rapids Griffins da AHL. A partir do ano seguinte o americano passou a defender a equipe de Detroit em período integral, injetando juventude em um elenco que já havia visto dias melhores.
Embora Larkin tenha tido um bom primeiro ano na Liga, seu desempenho decaiu junto com a qualidade do hockey apresentado pelos Wings. Ainda assim, ele foi selecionado como NHL All-Star (onde bateu o recorde de patinador mais rápido) e também para a seleção americana, nesta última em mais de uma ocasião.
O americano estendeu seu compromisso com o Detroit Red Wings por mais cinco anos em 2018, por aproximadamente 6.1 milhões de dólares anuais. Até hoje o center conta com 266 pontos marcados em 389 partidas. Além disso, Larkin não é estranho às redes sociais, onde já viralizou mais de uma vez, em uma ocasião com um vídeo de quando era adolescente e treinava no porão da sua casa, e outra onde participa de um comercial de calças. Por tudo que representa na equipe, além de ter crescido torcedor de Detroit, ele é o nome mais cotado para ser o próximo capitão do time.
DAVID PASTRNAK, RW, BOSTON BRUINS (#25 overall): o Harry Styles da NHL (se o Harry fosse muito bom no hockey)
O tcheco Pastrnak mudou-se para a Suécia na temporada 2012-13 para atuar no Södertälje SK da segunda divisão sueca. Lá ficou por dois anos, onde conheceu e jogou ao lado de William Nylander, atualmente seu rival de conferência na NHL. O winger foi então escolhido no final do primeiro round pelo Boston Bruins, que buscava renovar seu plantel. Após 26 partidas na AHL pelo Providence Bruins, o tcheco foi se integrando com a equipe principal.
Entre 2016-17 e 2018-19 Pastrnak marcou 70, 80 e 81 pontos, e foi se tornando cada vez mais importante para os Bruins. Desde então, o tcheco quebrou diversos recordes da equipe de Massachusetts e, em 2017, teve seu contrato renovado por mais seis anos. Compromisso este que ostenta o cap hit mais curioso da Liga, US$ 6,666,666.
Além do seu talento no gelo, a personalidade expansiva do winger também contribuiu para a sua popularidade. Desde os ternos de estampa floral até os comerciais de uma famosa rede de quitandas, o tcheco se tornou uma estrela não só em Boston, como em toda a NHL. Na temporada 2019-20, Pastrnak conquistou seu primeiro Rocket Richard Trophy, dado ao maior goleador da Liga. Com 48 gols (e 95 pontos, em apenas 70 jogos), o tcheco se tornou o primeiro Bruin a conquistar tal honraria.
BRAYDEN POINT, C, TAMPA BAY LIGHTNING (#79 overall): o menino-raio de Tampa Bay
O center canadense foi draftado no terceiro round pelo então GM do Lightning, Steve Yzerman. Embora Point tenha tido uma temporada respeitável pelo Moose Jaw Warriors da WHL em seu ano de elegibilidade, ele foi ranqueado apenas em 31º entre os patinadores norte-americanos. Com a direção do clube visando que ele adquirisse mais experiência, o atleta jogou mais dois anos na WHL com os Warriors. Ele também teve uma passagem de nove jogos pelo Syracuse Crunch da AHL entre eles, após Moose Jaw ter sua temporada encerrada.
A importância de Point no Lightning foi aumentando de forma gradativa. Isto ocorreu especialmente devido ao valor baixo do cap hit do jogador durante seu contrato de novato. Ter o canadense no plantel da equipe permitia mais flexibilidade com relação à montagem do time. Além disso, o rendimento de Point fez com que ele se tornasse de vez uma parte importante do clube, que teve temporadas históricas com a sua presença no elenco.
Além de ter sido escolhido para um All-Star Game em 2018, Point soma 262 pontos em 295 partidas na NHL desde o início de sua carreira profissional. Com o fim de seu primeiro contrato, o canadense assinou uma extensão de três anos de duração com o Lightning, avaliada em 6.75 milhões anuais.
MENÇÕES HONROSAS:
Kevin Fiala, LW, Nashville Predators (#11 overall): o suíço era um dos top prospects europeus, mas ainda tem dificuldades em se fixar como uma peça chave em um clube da NHL. Na temporada 2019-20 foi trocado para o Minnesota Wild.
Jakub Vrana, LW/RW, Washington Capitals (#13 overall): o tcheco venceu a Stanley Cup com os Capitals em 2018 e forneceu alguns dos melhores momentos da comemoração.
Robby Fabbri, C, St. Louis Blues (#21 overall): depois de sofrer com diversas lesões de ligamentos, que o deixaram de fora da campanha vitoriosa dos Blues, o atleta foi trocado para o Detroit Red Wings em 2019.
Kasperi Kapanen, RW, Pittsburgh Penguins (#22 overall): filho de um jogador identificado com a torcida do Philadelphia Flyers (o defensor Sami Kapanen), o winger não teve muitas chances de atuar pelos Penguins antes de ser envolvido na troca que levou Phil Kessel aos Pens. O finlandês é um Maple Leaf desde 2015 e é conhecido por sua rapidez e tenacidade.
Thatcher Demko, G, Vancouver Canucks (#36 overall): o goleiro americano atuou por três anos na Boston College antes de se profissionalizar. Atualmente ele divide o gol dos Canucks com o sueco Jacob Markstrom.
Nathan Walker, C, Washington Capitals (#89 overall): apesar de ter nascido em Gales, o jogador cresceu na Austrália e foi, portanto, o primeiro atleta do país a ser draftado na NHL. Além disso, Walker foi o primeiro galês e/ou australiano a vencer a Stanley Cup (com os Caps, em 2018), mas não preencheu os requisitos para ter seu nome gravado no troféu.