Draft à distância: nada novo para a NHL

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O Draft da NHL é um dos eventos mais tradicionais da Liga. Isso porque, ele é o principal acesso dos jogadores à NHL, onde conhecemos os novos talentos geracionais de nossas equipes.

O evento deste ano estava originalmente planejado para ocorrer nos dias 26 e 27 de junho, no Bell Centre, em Montreal, Quebec. Porém, devido ao COVID-19, a temporada da NHL está suspensa. Desde então, eventos como NHL Awards, NHL Combine e NHL Draft também foram adiados, ainda sem definição de nova data. 

Por conta da pandemia, uma discussão sobre como o draft deste ano aconteceria veio a tona. À primeira vista, o que poderia ser um grande problema para a NHL tornou-se algo que a princípio é fácil de se resolver, já que os Drafts de antigamente não eram presenciais, ou seja, não eram abertos ao público.

Antes de 1980, o draft da NHL acontecia em hotéis de Montreal ou nos escritórios da Liga, fechados aos fãs. Contudo, em 1980, os Drafts tornaram-se eventos públicos, realizados no Fórum de Montreal (antiga arena dos Canadiens), com mais de 2.500 fãs presentes.

Em 1985, aconteceu o primeiro Draft fora de Montreal, em Toronto. 

Drafts à distância

Desde a implantação do evento presencial, nunca houve outra forma de fazer o draft acontecer. Isso porque os eventos de seleção movimentam e trazem lucro para a cidade sede.

Isso acaba sendo um grande negócio, pois possui uma logística, muitos hotéis reservados pelas equipes das franquias e fãs que se deslocam para acompanhar o evento. Sendo assim, um possível Draft à distância, seria uma oportunidade lucrativa perdida para a cidade sede deste ano. 

As chances da NHL voltar ainda são turvas, mesmo com tudo indicando o cancelamento iminente da temporada 2019-20. Se a temporada voltar em maio ou junho, o draft poderá ser adiado e o evento acontecer normalmente de forma presencial. Todavia, se a temporada for de fato cancelada, o Draft possivelmente aconteceria nos dias já planejados, 26 e 27 de Junho. Entretanto, seria realizado por telefone ou virtualmente.

Nas ligas de hockey juniores, o Draft remoto já acontece. Basicamente, quando é a chance do time de escolher o pick, você anuncia sua escolha por telefone em uma teleconferência. A seleção de Connor McDavid pelo Erie Otters, por exemplo, foi dessa maneira.

Outra opção que a liga poderia considerar é conduzir o draft em uma arena vazia. Dessa forma, você limita o número de pessoas em Montreal a clientes em potencial, família, funcionários e mídia. Porém, para que isso ocorresse, seria necessário uma baixa significante na pandemia do COVID-19. 

A NFL (futebol americano) já anunciou que o seu Draft, que acontece este mês, será virtual. Então, não seria surpresa se a NHL adotasse a mesma forma. Contudo, um dos maiores problemas de uma conferência virtual seriam as más-intenções de hackers, que tentariam de alguma forma invadir o Draft da NHL.

A menos que a NHL possa descobrir uma maneira de fazer isso sem riscos e com uma tecnologia de ponta, são percausos que cabe a Liga se planejar. Afinal, se antes das tecnologias, alguns times já faziam besteira, imagina o caos que interferêncais mal-intencionadas poderia causar. 

Sendo assim, o Draft de 2020 sem dúvidas entrará para a história. Seu formato será diferente e a NHL precisa buscar alternativas para minimizar os erros. Pensando nisso, contamos uma história curiosa envolvendo a escolha de jovens jogadores para as franquias.

Buffalo Sabres e o jogador japonês

Com o draft da NHL sendo fechado ao público, sem presença de mídias e sem o avanço da internet, a confidencialidade dos drafts foi justamente o que possibilitou um jogador inexistente a ser draftado pelo Buffalo Sabres.

Em 1974, a Liga possuía apenas 18 franquias. Portanto, o recrutamento de jogadores podia estender-se para além de 9 rodadas (isso mudou em 2005, quando foi reduzido a 7 rodadas). Naquele ano, todas as equipes participaram do sorteio por teleconferência ao invés de um sorteio em uma única arena. Isso levou o Draft a ser um processo ainda mais lento e trabalhoso. 

George “Punch” Imlach, na época gerente geral do Buffalo Sabres, estava cansado do processo tedioso que acontecia pelo telefone. Os jogadores mais importantes eram os selecionados na primeira metade do draft, já que os escolhidos nas rodadas posteriores tinham poucas chances de atuar na NHL. 

Logo, com a ajuda de Paul Wieland, seu diretor de relações públicas, eles resolveram inventar um jogador a ser draftado. Imlach então usou sua 183ª escolha geral naquele ano para recrutar o japonês Taro Tsujimoto do Tokyo Katanas – uma equipe que não existia, com um nome inventado por Punch, supostamente retirado de uma lista telefônica da área de Buffalo.

Nos anos 70, os scouts tinham pouco conhecimento de jogadores fora da América do Norte. Embora nenhuma das outras equipes tenha ouvido falar de Tsujimoto ou Tokyo Katanas, o comissário da época, Clarence Campbell, não questionou a escolha de Imlach. Por fim, a NHL registrou o jogador oficialmente. 

Entretanto, após semanas do registro do jogador, a NHL eventualmente viria a descobrir a piada e declarou que a escolha dos Sabres era inválida. Os registros da NHL ignoram a 183ª escolha em 1974, mas Buffalo ainda a mantém em seus guias de mídia.

Vale ressaltar que Tsujimoto se tornou uma espécie de piada interna para os fãs do Sabres, e de vez em quando, é possível ver alguém vestindo sua camisa em Buffalo.

Foto: Reprodução journalmetro.com