Dobradinha canadense em Sochi 2014

Seleção canadense com a medalha de ouro

Share

O ano de 2014 chegou e, junto com ele, as Olimpíadas de Inverno. Desta vez, o país sede foi a Rússia, mais precisamente em Sochi. Como de costume os Jogos de Inverno aconteceram em fevereiro, e essas Olimpíadas ficaram marcadas, não somente por ter sido a última em que jogadores da NHL puderam participar, como também pelo escândalo de doping que traria consequências anos depois. 

Escolhida como sede em 2007, as Olimpíadas na Rússia foram a mais cara já realizada. O país estourou o orçamento original de 12 bilhões de dólares em mais de quatro vezes, somando 51 bilhões de dólares gastos na preparação e realização do evento. Em uma das edições mais memoráveis dos Jogos Olímpicos de Inverno, acredita-se que bateram recorde de transmissão ao alcançar um público de 2,1 bilhões de pessoas em todo o mundo. 

Ao todo, foram 98 competições, divididas em 15 modalidades de 7 esportes. Um total de 88 países participantes e 2.871 atletas. Dessa forma, o número de pessoas envolvidas na realização dos jogos fez com que o evento se tornasse a maior edição das Olimpíadas de Inverno até aquele ano. 

O país anfitrião foi o campeão de medalhas. A Rússia conquistou ao todo 29 medalhas, destas 11 de ouro, nove de prata e nove de bronze. Em seguida ficou a Noruega com 26 medalhas, e o Canadá em terceiro lugar, com 25 medalhas.

Entretanto o que não esperávamos é que um ano depois viria a público um enorme escândalo de doping protagonizado pela Rússia.

Pouco após as Olimpíadas, surgiram boatos de adulteração de exames pelo país sede. Em 2015 esse boato foi confirmado através um relatório que alegava manipulação por parte do país nos exames de seus atletas. Com isso, se iniciou uma investigação que resultou com o Comitê Olímpico Internacional punindo o país e desclassificando o mesmo em diversas modalidades.

A Rússia perdeu diversas medalhas em vários eventos, e está banida de participar de competições internacionais e sediar eventos internacionais até 2023. Entre estas medalhas, 13 são das Olimpíadas de 2014 e, por isso a Rússia saiu do top-3 e os Estados Unidos subiu para terceiro lugar com 9 medalhas de ouro. 

Cerimônia de Abertura

A cerimônia de abertura aconteceu no dia 7 de fevereiro de 2014, no estádio Fisht Olympic, construído especialmente para a cerimônia. Com um público de 40 mil pessoas, o evento contou com aproximadamente duas mil celebridades. Em uma pré-cerimônia, a dupla t.A.T.u e o coral Ministry of Internal Affairs se apresentaram dando início aos eventos. 

A apresentação utilizou o alfabeto russo,  apresentando ao público mundial as letras do idioma e o mesmo era ligado a referências de grandes nomes russos e pontos turísticos. O hino nacional foi cantando por um coral de 240 voluntários usando roupas que tinham como referência as cores da bandeira russa.

Com vários elementos da cultura russa, incluindo performances baseadas em livros russos, a cerimônia contou com diversas homenagens e, em seguida, o presidente Vladimir Putin declarou o início dos jogos.   

Vladislav Tretiak, ex-goleiro da seleção russa. (Foto: Reprodução/olympic.org)

A bandeira dos jogos foi entregue por oito porta-bandeiras e o hino dos jogos olímpicos foi cantando em russo pela cantora de ópera Anna Netrebko.

A famosa tenista Maria Sharapova foi a responsável por levar a tocha olímpica ao estádio. Para a corrida final, um ex-jogador de hockey foi o responsável em levar a tocha para acender o caldeirão olímpico. Desta vez, o escolhido foi o ex-goleiro da seleção Vladislav Tretiak, atual presidente da Federação Russa de Hockey no Gelo. 

Modalidade Feminina 

A competição feminina daquele ano entrou pra história da modalidade quando, pela primeira vez, a final precisou ir para overtime. Novamente, as seleções foram divididas em dois grupos de quatro equipes. Canadá, EUA, Suíça e Finlândia ficaram no grupo A, enquanto o grupo B era composto pelas equipes da Rússia, Suécia, Alemanha e Japão. 

Seleção feminina canadense com a sua medalha de ouro. (Foto: Reprodução/olympic.org)

Para as seleções norte americanas, foi um replay das Olimpíadas de 2010. Ambas as seleções rivais declaradas corriam atrás do ouro. O Canadá queria sua quarta medalha consecutiva enquanto os EUA queriam sua primeira medalha de ouro olímpica desde 1998.

Com jogadoras já conhecidas pelo público, ambas as seleções ganharam com uma boa margem de gols de seus adversários na primeira fase. Com jogadoras como Hilary Knight, Alex Carpenter, Brianna Decker e Kendall Coyne Schofield, a seleção dos EUA marcou 14 gols em apenas três jogos. A seleção canadense marcou 11 gols em três jogos com alguns deles sendo pelas estrelas Marie-Philip Poulin, Hayley Wickenheiser, Meghan Agosta-Marciano e Rebecca Johnston. 

A final, novamente o clássico entre EUA e Canadá, foi acirrada. Para completar o cenário, o Canadá ainda não sabia, mas iria ver novamente Poulin brilhar no gelo.

Em uma partida mais tensa que a final de 2010, ambos os times brigavam pela tão desejada medalha. A seleção dos EUA saiu na frente com um gol de Meghan Duggan, abrindo o placar no segundo período. Este foi seguido de um gol da central Carpenter, que deixou o placar 2 a 0.

Entretanto, a seleção canadense não desistiu e no final do terceiro período conseguiu marcar dois gols: o primeiro de Brianne Jenner e o segundo de Poulin.

O empate não deu outra alternativa a não ser um overtime. Foi quando Marie-Philip impressionou a torcida e brilhou outra vez. A responsável pelo gol da vitória da Olimpíada anterior mostrou por que estava ali e marcou novamente o gol dae ouro para a sua seleção.

Assim a equipe feminina do Canadá se consagrou com a quarta medalha olímpica de ouro.

Modalidade Masculina

Enquanto a equipe canadense também viu um replay do último torneio, para a equipe do EUA não se pode dizer o mesmo.

A quantidade de equipe e grupos seguiu o padrão do evento anterior, três grupo com quatro seleções cada, totalizando 12 países. Equipes como a do Canadá e do EUA eram compostas 100% por jogadores da NHL, enquanto a seleção da Suécia, que conquistou a prata, tinha somente um jogador que não pertencia a Liga norte-americana. 

Com nomes como Sidney Crosby, Gabriel Landeskog, Jonathan Toews, Roman Josi, Tuukka Rask, Vladimir Tarasenko, Zdeno Chara, Joe Pavelski, Jaromir Jagr e Mats Zuccarello, o gelo olímpico estava bem recheado de estrelas.

O evento também contou com jogadores que apesar de não estarem na Liga na época, já tinham brilhado e um dia voltariam a brilhar, como Alexander Radulov e Ilya Kovalchuk.

Com pelo menos 50% de jogadores da NHL, as seleções da Rússia, Eslováquia, Finlândia, República Tcheca e Suíça também tinha equipes bem representadas e deram duro fazendo o que sabem melhor: dar um show no gelo.

Infelizmente para estas seleções, mesmo com tantas estrelas, a disputa foi forte.

As seleções de Noruega, Áustria, Eslováquia e Suíça não conseguiram se classificar para a fase final. Com a disputa ainda mais acirrada para as equipes restantes, os jogadores tiveram que redobrar o esforço, o que não foi suficiente para que Eslovênia, Letônia, República Tcheca e a anfitriã Rússia continuassem na disputa das semifinais.   

Suécia e Canadá venceram nas semifinais e foram para a grande partida em busca do ouro, enquanto a seleção dos EUA e da Finlândia disputavam a medalha de bronze.

Para a Finlândia, foi a oportunidade perfeita para mostrar seu valor, e o time conquistou o terceiro lugar no torneio com uma vitória por 5 a 0.

Partida final entre as seleções do Canadá e da Suécia. (Foto: Reprodução/olympic.org)

Na final, mais uma vez ficou claro por que o Canadá é chamado de país do hockey.

Com Carey Price na rede e gols dos atacantes Jonathan Toews, Chris Kunitz e do capitão Sidney Crosby, a seleção norte-americana deu um show e garantiu sua nona medalha de ouro olímpica, e a quarta conquista seguida.

O jogador finlandês Teemu Selanne foi eleito MVP do torneio, enquanto Price ganhou como melhor goleiro, Phil Kessel, melhor atacante e Erik Karlsson, melhor defensor.

Essa foi a última vez que os fãs puderam assistir a jogadores da NHL brilharem nas Olimpíadas de Inverno. A Liga baniu a participação de seus atletas no último evento, em PyeongChang 2018, e ainda não há um acordo sobre a próxima edição.

Já na modalidade feminina, muitas das jogadoras continuam na ativa e é possível vê-las brilhar no gelo tanto nas Ligas Europeias quanto na NWHL e na PWHPA, a Associação com a qual as jogadoras viajam a América do Norte promovendo o esporte.   

Foto: Reprodução/olympic.org