Conhecendo a NWHL, a Liga de hockey feminina

NWHL

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O hockey feminino sempre foi considerado apenas um esporte olímpico. Enquanto os homens têm os benefícios de terem a NHL para apoiar suas carreiras, as jogadores vivem com glórias de quatro em quatro anos. Isso não significa que elas não têm uma liga própria, apenas que a NWHL não proporciona as melhores condições de trabalho e investimento de patrocinadores. 

Por este motivo, no ano passado, as jogadores fundaram a PWHPA (Professional Women’s Hockey Player Association). A Associação criada pelas jogadoras norte-americanas visa trazer melhores condições de trabalho e mais visibilidade para a modalidade feminina. A PWHPA vem trabalhando desde a sua criação com a Dream Gap Tour, viajando pela América do Norte para promover a modalidade com eventos.

O hockey feminino merece tanto destaque quanto o masculino. Um exemplo disso foi a participação das jogadoras no NHL All-Star Weekend tanto em 2019 quanto em 2020. No ano passado, Kendall Coyne Schofield, ganhou destaque ao ganhar de McDavid na disputa pelo patinador(a) mais rápido. Infelizmente, o prêmio ainda foi para o capitão do Oilers. Mas isso permitiu que uma discussão sobre as mulheres no esporte, sobretudo as jogadoras, e como elas devem ganhar mais destaque, relevância e, acima de tudo, respeito. 

Neste ano, as jogadoras da seleção canadense e americana de hockey feminino deram um show no All-Star Weekend 2020 da NHL. Desde o combate 3-on-3 no Women’s Elite até o desafio de habilidades junto com os jogadores da Liga, elas puderam mostrar que têm talento e que as mulheres também sabem arrasar no mundo do hockey. Infelizmente, a NHL é uma liga masculina, mas as mulheres não ficam de fora do hockey e têm a sua própria liga, a NWHL (National Women’s Hockey League). 

O que é a NWHL

A National Women’s Hockey League foi criada (no formato atual) em março de 2015 e está em sua quinta temporada. Ela é a primeira liga a pagar salário para as jogadoras, e permitiu que em seguida viesse a criação da, hoje extinta, CWHL. Na época em que anunciaram o fim da Liga canadense a NWHL chegou a cogitar expandir para assumir os times da liga canadense, entretanto por falta de verba isso não foi possível. Dessa forma, hoje ela é composta exclusivamente por cinco times americanos.

Apesar de ainda estar em seu início, comparada à outras ligas de hockey, a NWHL já contou com grandes nomes do hockey feminino, como as medalhistas americanas Hilary Knight e Kendall Coyne Schofield. Nas primeiras quatro temporadas era possível ver muitas das jogadoras das seleções dos EUA e Canadá jogando pelos times da Liga. No entanto, após o anúncio do fim da CWHL no início de 2019, as jogadoras decidiram se unir e criar a PWHPA, assim se desligando da NWHL, em busca de melhores condições de trabalho para a modalidade feminina.. 

Assim como a NHL, a liga feminina possui seu próprio campeonato e até mesmo um All-Star Weekend. O campeonato, que se chama Isobel Cup, ganhou seu nome em homenagem a Lady Isobel Stanley, a filha de Lorde Stanley e uma das pioneiras no hockey feminino. O calendário também é similar ao de outras ligas com a temporada iniciando em outubro, porém como tem um número consideravelmente menor de times, os playoffs acontecem durante o mês de março. 

Em seu ano de estreia, a NWHL realizou um draft para efetuar as primeiras contratações. Sendo assim, cada time escolheu cinco jogadoras universitárias além das jogadoras que foram avaliadas com base no seu desempenho nas olimpíadas e no IIHF. O New York Riveters (atualmente Metropolitan Riveters) conquistou o primeiro lugar no sorteio da loteria e selecionou a jogadora Alex Carpenter. 

Buffalo Beauts

O time foi um dos primeiros a serem fundados para a NWHL. A equipe fica localizada na cidade de Amhherst, no estado de Nova York, e tem como casa a arena Northtown Center at Amherst, que dividem com outros times de outras ligas de hockey. Em dezembro de 2017 o time foi adquirido pelo Pegula Sports & Entertainment, proprietário do Buffalo Sabres. Desta forma, se tornou o primeiro time na história da NWHL a pertencer ao mesmo dono de uma equipe da NHL. Porém com os últimos acontecimento no cenário do hockey feminino a empresa optou por abrir mão dos Beauts, finalizando assim a parceria com o time da NHL. Em 2016 se tornaram o primeiro time a ter um jogador abertamente transgênero, o atacante Harrison Browne. Também em 2016, elas ganharam a sua primeira Isobel Cup. 

Atualmente, o Buffalo Beauts conta com as atacantes Brooke Stacey, Emma Ruggiero, Iveta Klimasova, Kandice Sheriff, Maddie Norton, Cassidy MacPherson, Kim Brown, Becki Bowering, Corrine Buie, Erin Gehen e Taylor Accursi. As jogadoras Marie-Jo Pelletier, Lenka Curmova, Megan Delay, Ana Orzechowski, Nikki Kirchberger e Richelle Skarbowski atuam como defensoras. Enquanto as jogadoras Ashley Birdsall e Sara Bustad atuam tanto como atacantes como defensoras. As goleira são Kelsey Neumann, Tiffany Hsu e Mariah Fujumagari.

Boston Pride

Foi uma das quatro equipes que foram criadas juntos com a Liga. O time fica localizado na cidade de Boston, em Massachusetts, e é afiliado ao Boston Bruins, com quem divide o centro de treinamento, a Warrior Ice Arena. Com a sua primeira escolha do draft e terceira escolha geral o time selecionou a jogadora Kendall Coyne Schofield, porém a mesma optou por não assinar com eles. 

Na temporada de estreia da Liga, os Prides foram os primeiros campeões da Isobel Cup. Ele também é o time que marcou o primeiro hat-trick na história da NWHL. A jogadora Brianna Decker realizou o feito numa vitória de 5 a 3 contra o Buffalo Beauts. A equipe de Boston também foi a primeira a sediar um jogo ao ar livre na modalidade feminina, o 2016 Outdoor Women’s Classic presented by Scotiabank que terminou em empate de 1 a 1 contra o Les Canadiennes de Montreal da CWHL. Infelizmente nem só de boas histórias vive o hockey feminino. Durante o 2016 Outdoor, a jogadora Denna Laing sofreu uma lesão onde perdeu o movimento das pernas e limitou o movimento dos braços, dando fim a sua carreira. 

Na época, como uma forma de apoio, o Boston Pride arrecadou fundos para a Denna Laing Foundation, além de levarem a taça da Isobel Cup para ela no hospital. Por fim, a jogadora ganhou o NWHL’s Foundation Award e o Perseverance Award. O time recentemente entrou para a história da NWHL novamente, desta vez com a jogadora Jillian Dempsey. A forward marcou seu 100º ponto, sendo a primeira da Liga a atingir a marca. Atualmente tem como defensoras Lauren Kelly, Lexi Bender, Jenna Rheault, Kaleigh Fratkin, Briana Mastel e Mallory Souliotis. Como atacante as jogadoras Jordan Juron, Mary Parker Alyssa Wohlfeiler, Tori Sullivan, Emily Fluke, Jillian Dempsey, Lexie Laing, McKenna Brand, Marisa Raspa, Christina Putigna e Carlee Toews. Enquanto as jogadoras Victoria Hanson e Lovisa Selander atuam como goleiras e a jogadora Whitney Renn como atacante e defesa.

Connecticut Whale 

O time tem seu nome em homenagem ao Hartford Whalers. O Hartford Whalers era um time que fez parte da WHA (World Hockey Association) e posteriormente da NHL. Hoje realocado passou a ser chamado de Carolina Hurricanes. O Connecticut Whale foi o primeiro time a assinar com uma jogadora canadense, a defensora Kaleigh Fratkin, ainda em seu início. Em sua estreia no gelo, a equipe contou com um gol da capitã Jessica Koizumi, que assim entrou para a história como o primeiro gol marcado na Liga. Nessa mesma partida elas ganharam por 4 a 1 contra o New York Riveters.

A equipe tem como base a cidade de Danbury em Connecticut, no entanto já chamou de casa Stamford e Northford. Para a temporada de 2018-19 a jogadora ativa Cydney Roesler foi nomeada treinadora assistente, assim se tornando a primeira jogadora e treinadora da história do time. Para temporada atual, 2019-20, o time convocou o ex-NHLer Colton Orr para assumir como treinador principal.

Atualmente o time conta com as jogadoras Brooke Wolejko, Sonjia Shelly e Cassandra Goyette como goleiras. As jogadoras Grace Klienbach, Allie Lacombe, Sarah Hughson, Sarah Schwenzfeier, Janine Weber, Elena Gualtieri, Katelyn, Russ, Emma Vlasic, Alexa Aramburu, Kaycie Anderson, Jane Morrisette, Haley Payne, Kayla Meneghin e Madie Evangelous como atacantes. E na defesa as jogadoras Taylor Marchin, Shannon Doyle, Erin Hall, Elena Orlando, Lauren Hill e Jordan Brickner. Além das jogadoras Hanna Beattie e Brinna Dochniak que atuam tanto na defesa como no ataque.

Metropolitan Riveters 

O time tem a sua sede situada em Monmouth Junction, New Jersey. Inicialmente era chamado de New York Riveters, porém teve seu nome alterado quando foi realocado para New Jersey e se afiliou ao New Jersey Devils, em 2016. Ao iniciar a parceria o time da NHL, além de trocar de nome, também adotou as cores dos Devils. No entanto quando a mesma chegou ao fim em 2019, a equipe retornou às suas cores originais (branco, vermelho e azul).

Além de ter tido direito a primeira escolha no draft 2015, a franquia também foi a primeira na história da Liga a assinar um contrato. A felizarda foi a atacante Janine Weber. Durante sua primeira temporada o time entrou para a história da NWHL ao ganhar sua primeira partida, contra o Boston Pride. Isso aconteceu porque o time tinha uma goleira que era natural do Japão, Nana Fujimoto. Ela entrou para a história como a primeira goleira japonesa a ganhar uma partida na NWHL.

No ano seguinte a equipe assinou um contrato de um ano com a free agent Amanda Kessel no valor de 26 mil dólares. Ao assinar essa quantia, Amanda se tornou a jogadora mais bem paga da Liga. Atualmente os Riveters contam com as defensoras Cassie Dunne, Nicole Arnold, Leila Kilduff, Colleen Murphy, Rebecca Morse, Anna Keys, Ashley Johnston e Kiira Dosdall-Arena. Como goleiras as jogadoras Zoe Zisis, Dana Demartino e Sam Walther. Além das atacantes Bulbul Kartanbay, Kate Leary, Haley Frade, Kelly Nash, Brooke Avery, Tatiana Shatalova, Jayne Lewis, Madison Packer, Cailey Hutchison, Kendall Cornine, Nichelle Simon e Brooke Baker. A jogadora Mallory Rushton atua tanto como atacante como defensora.

Minnesota Whitecaps

O time, que existe desde 2004, foi fazer a sua estreia oficial na NWHL somente em 2018. Eles, que hoje dividem seu lar com o Minnesota Wild, são um dos poucos times que ainda possuem afiliação com um time da NHL. Também são os atuais campeões da Isobel Cup, tendo levado o troféu em sua temporada de estreia.

Devido ao seu tempo de atividade a equipe possui uma história mais extensa. Já fez parte da extinta Western Women’s Hockey League (WWHL) durante seu tempo de atividade de 2004 a 2011. Após isso a equipe atuou de forma independente jogando contra a NWHL, CWHL e faculdades femininas. 

Os Whitecaps também são o único time que já conquistou a Clarkson Cup em 2010 e a Isobel Cup, os dois principais prêmios do hockey feminino na América do Norte. Em fevereiro de 2018, pouco antes de ingressar na Liga, a equipe teve as suas jogadoras Kate Schipper e Sadie Lundquist convidadas a participar do NWHL All-Star, que foi realizado em Saint Paul, Minnesota. Posteriormente, ao entrar para a NWHL o time entrou para a história da Liga como a primeira franquia a obter lucro vendendo ingressos para os jogos.

Hoje ele conta com as atacantes Jonna Curtis, Allie Thunstrom, Brooke White-Lancetti, Lisa Martinson, Meaghan Pezon, Stephanie Anderson, Meghan Lorence, Audra Richards, Kalli Funk, Nina Rodgers, Lauren Barnes, Nicole Schammel, Sam Donovan e Haylea Schmid. Na defesa as jogadoras Chelsey Brodt Rosenthal, Winny Brodt Brown, Sydney Baldwin, Emma Stauber, Amanda Boulier e Rose Alleva. Além da jogadora Kelsey Cline que atua nas posições de defesa e ataque, enquanto as jogadoras Amanda Leveille e Allie Morse atuam no gol.

Playoffs

Os playoffs desta temporada já chegaram. Hoje já acontecem as semifinais, e o próximo jogo já será a final. É uma etapa muito imprevisível já que são jogos únicos e eliminatórios. As Beauts e os Whales brigaram pela vaga na semifinal no último dia 6, com os Whales conquistando uma vitória por 5 a 3 e garantindo a sua vaga. Eles irão disputar a próxima partida contra o líder da tabela, os Prides.

A equipe de Boston lidera a Liga com 46 pontos e 23 vitórias. Os Whitecaps vem logo em seguida com 36 pontos e 17 vitórias. O time de Minnesota irá disputar contra as Riveters, que estão em terceiro lugar na tabela com 23 pontos e 10 vitórias. Nos resta agora acompanhar para descobrirmos quem leva a Isobel Cup deste ano.