Que o hockey é um esporte cheio de superstições todo mundo sabe. Mas, para alguns jogadores, essas superstições se tornam rotinas levadas à sério antes dos jogos. Eles acreditam que, para que possam ter um bom desempenho no gelo, precisam recorrer a curiosas táticas. São elas costumes adotados antes ou depois dos jogos, acreditando que isso possa dar uma diferença no resultado final e também para a forma de jogar . Para os nhelers, isso são somente hábitos rotineiros, entretanto, para quem está de fora, tais hábitos parecem mais rituais supersticiosos.
Talvez a mais clássica superstição na NHL, seja a de não tocar em taças a não ser que que você tenha conquistado. Essa é levada a sério por basicamente todos na Liga, e raramente algum jogador é visto tentando desafiar. Alguns jogadores não gostam nem de estar no mesmo lugar com a Stanley Cup, evitando ainda mais uma suposta maldição.
Entretanto, ao ganhar, cada jogador tem o direito de passar um dia com a cup e fazer exatamente o que quiserem com ela.
Mas não é só esse hábito das taças que torna curiosos esses hábitos. Times e jogadores levam essas superstições à sério, e algumas chegam a ser tão rotineiros, que os atletas tratam como apenas mais uma ação do dia a dia.
Falar com a trave do gol
Patrick Roy, atual técnico do Quebec Remparts, foi um goleiro excepcional. Considerado como um dos maiores goleiros da Liga, ele tem em seu currículo duas cups com o Montreal Canadiens e duas também com o Colorado Avalanche. Apesar de ser conhecido por suas conquistas, Roy também é conhecido por ter, na época em que jogava, um hábito curioso: ele falava com as traves do gol. E, como se este fato já não fosse curioso o suficiente, o goleiro ele ainda afirmava que as traves respondiam! Roy contava que essa conversa ajudava ele a melhorar durante o jogo, e que isso fazia com que a trave ficasse do lado dele. Dessa forma, o goleiro contou ao The Hockey Writers um pouco sobre esses diálogos:
“Por favor, me ajudem. Eu dava direções para elas (as traves). Elas estavam sempre comigo. Elas me respondiam. Algumas noites, elas falavam “bing”. Mas em outras noites, elas tinham noites ruins também”
Ser o último a sair do rinque durante o aquecimento
Um hábito mais comum do que parece, é ser o último a sair do gelo durante o aquecimento. O mais famoso a ter este hábito é Tyler Seguin, center do Dallas Stars. Entretanto, ele não é único com essa esquisita mania. Mark Scheifele, do Winnipeg Jets, também possui esse hábito. Por este motivo que, em alguns jogos contra o Winnipeg Jets, Seguin e Scheifele, disputam, para que seja resolvido de uma forma justa, uma partida de pedra, papel e tesoura. Quem perde, é o primeiro a sair do gelo deixando assim o colega com sua querida superstição.
Não pisar no logo do vestiário
Um das maiores superstições dentre os times da NHL é da proibição de se pisar no logo do time no vestiário. Essa supertição é tão antiga, que não é possível datar a sua oriegem. O que sabemos é que nhelers tendem a reagirem quando qualquer um pisa nos sagrados logos, muitas vezes até com raiva quando alguém, mesmo sem querer, acaba por pisar. Entretanto, boas notícias para os mais supersticiosos: por muita reclamação e a contestável falta de lógica para que algo tão importante como o logo de um time esteja posicionado no chão, muitos vestuários atualmente foram renovados e seus logos foram realocados para o teto.
A lenda dos polvos
Jogar polvos no rinque durante os playoffs era um hábito comum entre os fãs do Detroit Red Wings. Isso porque, em 1952, durante a corrida dos playoffs do Detroit Red Wings, dois irmãos de Detroit, Pete and Jerry Cusimano, jogaram no rinque um polvo. Os oitos tentáculos do animal significava quantos jogos o time tinha que ganhar para que saíssem vitoriosos e com a Cup. Na épocae, a Liga possuía somente 6 times, portanto as regras da disputa pela Cupera diferente. Aconteciam dois confrontos de melhor-de-sete e quem ganhasse 8 jogos era o campeão.
Naquele ano, os Red Wings foram campeões após varrerem o time adversário, Montreal Canadiens. E desde então, esse costume virou uma tradição entre os fãs. E é uma das mais famosas superstições.
Por mais inusitado que tal ato possa parecer, fato é que ele ainda não saiu do hábito dos fãs, se tornando uma tradição importante para a torcida dos Red Wings. Por mais que nos recentes anos o Detroit Red Wings não tenha tido muito sucesso, é possível achar vídeos de 2010 com o mesmo gesto se repetindo:
Os bagres de Nashville Predators
Baseado na celebração dos polvos de Detroit, os torcedores do Nashville Predators adotaram um costume semelhante, porém com outra vítima. Dessa vez, quem é jogado ao rinque são bagres. O primeiro incidente foi em 2003, mas naquele ano, o time não foi às finais. Dessa forma, o costume permaneceu, e em 2017, quando a franquia finalmente foi para a primeira final de Stanley Cup da sua história, bagres foram mais uma vez arremessados ao gelo durante os jogos. Apesar da popular brincadeira, isso não foi visto com bons olhos pelos seguranças e foi possível ver um fã sendo preso em Pittsburgh por tal gesto.
Hábitos alimentares pré-jogos
Todos os jogadores possuem uma comida favorita para sua refeição pré-jogo. Alguns gostam de macarrão, outros de frango, alguns de ambos. Alguns preferem apenas de um simples café. Essas rotinas fazem parte da alimentação pré-completição de todo atleta. Entretando, alguns nhelers usam desse artifício como algum tipo de supertição. Como é o caso do capitão do Washington Capitals Alexander Ovechkin. Com um menu baseado em carboidratos, Ovie sempre pede o mesmo prato nos jogos em casa de um restaurante local. Frango com parmesão, macarrão, pão e quatro molhos separados – alfredo, de carne, marsala de cogumelos e marinara.
Já Johnny Gaudreau, do Calgary Flames, prefere um macarrão mais simples. Extremamente simples. Sem molho, ou tempero, apenas a massa. O capitão do Pittsburgh Penguins, Sidney Crosby, costuma comer apenas um sanduíche de manteiga de amendoim com geléia. Campeão de duas cups, é difícil argumentar que tal ritual não tenha funcionado.
Bônus: Barbas dos Playoffs
Um hábito comum nos playoffs, que muitas vezes são verdadeiras superstições, são as barbas que crescem e não são aparadas.. Não se sabe a origem para este costume, mas o fato é que mesmo os jogadores mais jovens, que muitas vezes as barbas nem crescem tanto assim ao longo dos meses, deixam os pelos faciais enquanto estão competindo nos playoffs. Uma das possíveis razões para este hábito, é a associação o cabelo à força física, presente nas mais diversas culturas ao redor do globo. Entretanto, a explicação mais provável é que esta superstição tenha se tornado tão enraizada no esporte, que os jogadores continuam deixando suas barbas crescerem apenas como um mero hábito.
Foto: Christopher Hanewinckel/USA TODAY Sports