“Milagres acontecem”.
Essa foi uma das frases mais proferidas pelo fã de hockey após assistir o St. Louis Blues na temporada 2018/19. No entanto, ‘milagre’ talvez não seja o termo ideal para se referir a ocasião. ‘Trabalho árduo’ são as palavras corretas.
De underdogs, ocupando o último lugar na tabela, o time de St. Louis escalou para as primeiras posições da divisão central, eliminou quatro grandes times nos playoffs e, assim, garantiu a primeira Stanley Cup desde sua criação, em 1967.
Mas a jornada percorrida pelo time foi longa e cheia de desafios. E conquistas assim precisam ser documentadas.
Portanto, em mais uma edição do “10 for 10”, vamos falar sobre como o St. Louis Blues, mesmo diante de um cenário nada propício, derrubou seus obstáculos e se tornou o campeão da Stanley Cup 2019.
A pré-temporada dos Blues
Após uma temporada 2017/18 devastadora, o St. Louis Blues sabia que algumas mudanças precisariam ser realizadas para que o desempenho da equipe melhorasse na próxima.
Sem a classificação para os playoffs de 2018, a equipe deu início às novas contratações mais cedo. Em maio do mesmo ano, o time anunciou Mike Van Ryn como seu novo técnico assistente, após Darryl Sydor, que ocupava o cargo, não ter renovado o contrato com os Blues por motivos familiares.
No entanto, essa não foi a única aquisição do time durante a pré temporada. David Perron, que havia saído dos Blues em 2017 para disputar uma temporada com o novo time de expansão da época, o Vegas Golden Knights, acabou voltando para a equipe de St. Louis.
Dessa vez, o jogador assinou um contrato que garantiu sua estadia no time por mais 4 temporadas. Tyler Bozak também veio para reforçar a equipe durante a free agency de 2018, assim como Patrick Maroon e Jordan Binnington, em contrato de duas vias.
Mas a trade com o Buffalo Sabres, onde o St. Louis acabou adquirindo Ryan O’Reilly, foi uma das mais rentáveis contratações para a equipe. Isso porque, na temporada 2018/19, o jogador se mostraria um grande reforço para o ataque dos Blues e se tornaria peça importante na conquista da Stanley Cup em 2019.
Porém, inicialmente, as importantes contratações na pré-temporada não pareceram ser o suficiente para ajudar no desempenho do St. Louis.
A temporada
O start dos Blues na temporada 2018/19 não foi o melhor já feito pelo time. Após a derrota para o Winnipeg Jets em sua estréia, a equipe viu seu desempenho cair drasticamente no primeiro mês da competição. Do 10 jogos disputados em outubro, o time se saiu vitorioso em apenas três. Assim, adquiriu 4 derrotas em tempo regular e outras três em overtime, somando apenas nove pontos na tabela.
Em novembro, o time ainda parecia não ver a luz no fim do túnel. Foram 14 jogos disputados que resultaram, por fim, em apenas seis vitórias. Os placares extensos das derrotas apenas reforçaram ainda mais a decaída de desempenho da equipe.
E a demissão do técnico, Mike Yeo, ao fim do mês apenas ressaltou a má fase dos Blues. Como solução imediata, o time optou por promover Craig Berube, que atuava como técnico assistente da equipe desde 2017, para a posição de técnico interino da equipe.
Mesmo com problemas internos e polêmicas que giravam em torno do time de St. Louis, Berube tentou ao máximo guiar os Blues em outra direção. Uma que, futuramente, pudesse resultar em um melhor desempenho da equipe. E apesar de não terem sido gigantes, as mudanças realizadas pelo novo técnico começaram a ser notadas em dezembro.
O número de derrotas, apesar de não ter sido o ideal, acabou não ultrapassando a quantidade de vitórias. Uma diferença se compararmos com o desempenho da equipe no mês anterior. E dessa forma, após 37 jogos disputados, o St. Louis finalizou 2018 com 34 pontos. Número que não colocou os Blues no topo da tabela, mas que foi o suficiente para mostrar que, talvez, Berube pudesse mudar o destino da equipe em 2019.
A grande virada
E foi o que aconteceu. Das 11 partidas que o time disputou em janeiro de 2019, sete resultaram em vitórias. Além disso, a equipe sofreu apenas quatro derrotas em tempo regular e uma em overtime.
Um dos principais fatores a influenciar positivamente no desempenho dos Blues foi Jordan Binnington. O goleiro, que assinou um contrato de duas vias com o time em julho de 2018, não havia disputado tantas partidas com a equipe até o momento, já que Jake Allen ainda ocupava a posição de goleiro titular.
Mas a chegada de Berube acabou se mostrando uma oportunidade para Binnington, que foi chamado para o time após os Blues terem iniciado janeiro com o pior recorde da temporada. E o sucesso do jogador foi imediato: das 7 partidas em que iniciou nas redes dos Blues no mês, o goleiro venceu cinco.
Em fevereiro, notando seu grande desempenho, Berube optou por continuar com Binnington nas redes. E o sucesso do time continuou a prevalecer, pois dos 14 jogos disputados no mês, os Blues saíram-se vitoriosos em 12. Assim, somando apenas duas derrotas (uma em tempo regular e outra em overtime), o time conquistou seu melhor recorde em toda a temporada.
Apesar da leve decaída em março, o St. Louis ainda conseguiu se manter perto da zona de classificação para os playoffs, com 8 vitórias em 15 jogos. Em abril, o time continuou o bom desempenho. Tal qual que garantiu à equipe uma boa posição na tabela.
Com o Fim da temporada regular eapós os 82 jogos mais desafiadores da história do St. Louis Blues, uma colocação no último lugar da tabela, e outras reviravoltas, a equipe se classificou para os playoffs ocupando o terceiro lugar na divisão central e quinto na conferência oeste, com 99 pontos.
Enfim, os playoffs
Devido a instabilidade na temporada regular, muito se especulava que talvez o St. Louis acabasse não avançando não competição. Mas novamente os Blues mostraram que o trabalho árduo desenvolvido pela equipe acabaria trazendo recompensas.
O primeiro adversário dos Blues nos playoffs foi o Winnipeg Jets, que finalizou a temporada uma posição acima dos Blues na Conferência Oeste. E, por terem vantagem, o St. Louis precisou viajar para o Canadá para a disputa dos dois primeiros jogos.
Jogar na casa dos Jets não foi um fator intimidador para os Blues, que venceu as duas primeiras do round. No entanto, o oponente retaliou e venceu os jogos 3 e 4 na casa do St. Louis. Mas a vitória na quinta partida colocou os Blues ainda mais perto de uma classificação.
Dessa forma, o time de St. Louis precisaria apenas de uma vitória para garantir a ida ao segundo round. E foi o que aconteceu – com a vitória no jogos seis, os Blues avançaram portanto para a próxima etapa da competição.
No segundo round, o oponente do time foi o Dallas Stars. Apesar de vencer a primeira partida em casa, os Blues foram derrotados no jogo 2 pelos Stars. E a vitória no jogo três também não foi o suficiente, já que o Dallas acabou se saindo vitorioso nas duas partidas seguinte e, dessa forma, assumiu a liderança do round.
No entanto, a vitória dos Blues no jogo seis deixou a série empatada. Ou seja, seria tudo ou nada para a equipe de St. Louis a partir daqui. E após 3 períodos regulares, e dois overtimes, foram os Blues que levaram a melhor. Assim, o time acabou se classificando para a Final da Conferência Oeste e teria como adversário o San Jose Sharks.
O round contra os Sharks não apresentou tantos desafios como o anterior. Mesmo com a derrota para o oponente no primeiro jogo, os Blues venceram a segunda partida e empataram a série. No entanto, voltaram a serem derrotados pelos Sharks no jogo três, entregando outra a vantagem para o San Jose.
Mas a vitória na quarta partida deu uma nova perspectiva ao St. Louis, que continuou com a sequência de vitórias nos três jogos seguintes. Assim, ao vencer quatro partidas, os Blues venceram o round e, por fim, atingiram o objetivo principal da temporada: ir para a final da Stanley Cup.
Um passo mais perto
Boston Bruins e seu grande desempenho. Isso era o que separava o St. Louis Blues da sua primeira Stanley Cup Final.
Se classificando para os playoffs na terceira posição overall da Liga, os Bruins contavam com um dos ataques mais eficientes da NHL. E por isso, o St. Louis entendia que as dificuldades que enfrentaria nesse round seriam muito maiores do que as anteriores. Dificuldade que se mostrou presente logo no primeiro jogo da Final, onde o Boston acabou vencendo o St. Louis por 4 a 2 no TD Garden.
Os Blues retaliaram ao vencer a segunda partida em overtime, ainda na casa dos Bruins. E mesmo com a derrota em casa no jogo três, não se mostraram abalados, saindo-se vitoriosos nas partidas quatro e cinco. Mas novamente o Boston colocou um empecilho no caminho ao vencer o jogo seis. Assim, o round precisou de uma sétima partida.
Tudo ou nada. Esse é significado dos jogos 7 em uma Final da Stanley Cup. E aqui, as derrotas, má fase e todos os acontecimentos da temporada serviram como combustível para os Blues no último jogo da competição. Não existia alguém que quisesse mais a vitória do que o St. Louis naquele momento, algo que se mostrou visível no gelo.
Por fim, campeões da Stanley Cup 2018
A vantagem obtida pelos Bruins fez com que o jogo sete acontecesse no TD Garden, casa da equipe. Mas o fator não assustou os Blues, pois foi a equipe quem abriu o placar da partida aos 16:47 do primeiro período com O’Rielly. Pietrângelo seguiu o exemplo do companheiro de time e aumentou o placar para os Blues ainda na primeira etapa do jogo.
Com a não reação do Boston, os Blues assumiram o restante do controle da partida, fazendo mais dois gols. Portanto, após três períodos, 7 partidas da Final e 4 rounds vitoriosos anteriormente, o apito final soou no TD Garden e oficializou o St. Louis Blues como campeão da Stanley Cup 2018.
A primeira do time em mais de 50 anos de história na NHL. Uma vitória marcada por uma das maiores reviravoltas já feitas por um time da Liga, e que consagrou o St. Louis como uma das melhores equipes da NHL. Ryan O’Reilly, que foi uma das peças essenciais na conquista do troféu pelos Blues, foi o jogador quem levou Conn Smythe Trophy como MVP dos playoffs.
Após a vitória em Boston, o time viajou para St. Louis, onde comemorou a conquista em parade que contou com a presença de cerca de 1 milhão de pessoas nas ruas da cidade. A conquista da taça foi simbólica e importante, já que o último time profissional de St. Louis a conquistar um troféu foram os Cardinals, em 2011.
A conquista da Stanley Cup foi um marco, divisor de águas e contou muito sobre quem é o St. Louis Blues. Novamente, ‘milagre’ não é palavra certa para se referir ao que aconteceu com o time em 2019. A vitória foi fruto de muito trabalho e perseverança da parte da equipe, mesmo quando nada se encontrava a seu favor.
Por isso, como bons fãs do esporte, torcemos para que o espírito de equipe do St. Louis prevaleça e traga mais frutos para o time como os de 2019.