A estrela do sul continuará brilhando na pós-temporada
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Que torcedor que nunca quis ver o seu time indo o mais longe possível em um campeonato? Ganhar prêmios, levantar taças, chegar aos playoffs depois de anos buscando este objetivo e falhando? Há três anos comecei a acompanhar hockey e, em pouco tempo, me apaixonei pelo Dallas Stars. Brinco que foi por causa do Jamie Benn, mas a verdade foi que me peguei sofrendo por um jogo, não lembro contra qual time, às 2 da manhã em um dia de semana que eu teria que acordar apenas três horas depois.
Quando você começa a gostar de um esporte, e percebe que um belo dia você começa a respirar curto durante um jogo, chorar e rir histericamente, significa que aquele time te conquistou. Foi assim que começou este amor que a cada dia cresce mais.
Março de 2018. Acompanhar hockey tinha se tornado um Porto Seguro no meio de incertezas. Falar sobre hockey, ler sobre hockey, ver jogos do Dallas. Não estava confiante que chegaríamos aos playoffs, mas coração de torcedor tem lógica? Esperava um milagre! Com Ken Hitchcock a frente do time seria nossa chance, ele já trouxe a única Stanley Cup, traria outra vez. Ha-Ha. Era claro que íamos perder dez jogos em sequência e afundar de vez qualquer chance de ir para os playoffs.
Um ano depois. Abril de 2019. Mais uma vez, minha vida pessoal me levava a um outro rumo inesperado e, de novo, busco no hockey uma refúgio. Sabia que esta temporada tinha sido diferente. As falhas que o time vinha apresentando nos anos anteriores, de alguma forma, tinham sido corrigidas. Estávamos ganhando de times que em temporadas anteriores teríamos tido dificuldade. Estávamos fazendo gol e evitando gols.
Desde o início eu acreditara que a escolha do time de ter buscado o técnico Monty no hockey universitário para comandar um time jovem tinha sido uma das melhores coisas para a temporada. Jogadores jovens, como Miro Heiskanen e Tyler Pitlick, em uma forma impressionante e com oportunidade de jogar (e fazer gols!). A defesa se encaixando, coisa que há anos o time do Texas não via acontecer. Dois goleiros que pareciam imbatíveis, afinal, quem teria coragem de negar uma vaga nos playoffs para um homem chamado Dobby?
A corrida para os playoffs começou e, conhecendo o Dallas Stars, é claro que ela seria fora de casa. Se podemos complicar, para que simplificar? E uma coisa que sempre deixa o meu coração de torcedora agitado, são jogos fora de casa e em como, em temporadas anteriores, os Stars pareciam dois times diferentes jogando na ACC e fora de casa. A temporada 17-18 ainda estava fresca na minha memória. Mas dessa vez o time estava completo.
Dessa vez, ouvíamos mais nomes da boca do técnico do que apenas os jogadores de ataque. A dependência de Tyler Seguin e Jamie Benn já não era mais uma realidade. Tínhamos conseguido contratar Zucarello para construir um ataque mais consistente, tínhamos Radulov com sangue nos olhos querendo chegar nestes playoffs, e daí que iríamos ter quatro jogos contra times canadenses? A estrela do sul poderia ser de um lugar quente, mas estava provado que sabia muito bem competir no gelo tanto quanto os times do norte.
Passamos pelos Jets, passamos por Calgary, passamos pelos Oilers. Nem acreditei quando vi que tínhamos conseguido vencer dois dos principais times da temporada regular. O jogo em Vancouver seria decisivo, mas a derrota no SO não pareceu tão amarga ao chegar em casa com 7 dos 8 pontos possíveis daquela viagem.
Noite de terça! American Airline Center! O que eu não daria para ter estado presente naquele jogo? Mas da tela do meu celular, acompanhei cada jogada. Os Flyers não eram um time de intimidar, mas se tem uma coisa que já aprendi com hockey, é que neste esporte qualquer jogada pode ser fatal e quanto mais decisivo for o jogo, maior a pedra de sapato que o time adversário poderia ser.
Primeiro período. 2 a 0, gols de Dickson e Lindell. Defensor fazendo gols foi o que não faltou nessa temporada dos Star. Segundo período. Flyers empatou o jogo, mas Radulov estava com sangue nos olhos e fez o terceiro pro time da casa. Pitlick fez o quarto, começando a dar vantagem para Dallas. Terceiro período. Meu coração já estava acelerado e o grito preso na garganta querendo que aqueles vinte minutos passassem voando. Mas nenhum dos jogadores estavam satisfeitos com aquele resultado e queriam mostrar que além de chegar nos playoffs, que eles estavam prontos para a pós-temporada. Comeau marcou o quinto gol. Radulov marcou o sexto e eu não conseguia acreditar.
Uma da madrugada, sem me importar com o silêncio que deveria manter no prédio ou que os vizinhos achassem que era por causa de futebol, apenas comecei a gritar “estamos nos playoffs”!!!
Depois de três anos, poder dizer essas três palavras era um alívio para o torcedor. Poder acreditar no time, ver que estamos preparados para jogar mais uma vez contra os times canadenses e qualquer outro que precisássemos enfrentar.
O sentimento de finalmente ver um trabalho dando resultado não caberia em palavras, por mais que eu procurasse redigi-las. Torcer para um time de hockey é estar acostumado com uma montanha russa de sentimentos sem fim. É chorar, se emocionar, gritar e rir sem parar, tudo ao mesmo tempo. Ah, como eu queria estar em Dallas em um momento destes! E mesmo de longe, tenho certeza que um pedacinho do meu coração estará acompanhando o Dallas Stars nessa caminhada que está apenas começando. Não somos favoritos, longe disso inclusive, mas tenho certeza que com o jogo apresentado nestas últimas semanas, seremos nós a pedra no sapato dos adversários.
FotoReprodução/Dallas Stars