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A dança das cadeiras dos técnicos na temporada 2019-20

Análise

A dança das cadeiras dos técnicos na temporada 2019-20

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Poderíamos estar falando do Brasileirão, mas é da NHL mesmo. Afinal, apenas três dos técnicos treinam os mesmos times desde a temporada 2015/2016: Jon Cooper (Tampa), Paul Maurice (Winnipeg) e Jeff Blashill (Detroit). Em um esporte tão tradicionalista quanto o hockey isto é um fato tanto quanto estranho. Afinal, a lealdade é muito prezada tanto pelos jogadores quanto pela equipe administrativa dos times. 

Assim, para te ajudar a entender esse troca-troca decidimos fazer uma lista compreendendo os dispensados, quem os substituiu e para onde foram. Relaxe, coloque Another One Bites the Dust para tocar e torça para nenhum outro técnico ser demitido antes de você terminar de ler essa lista. 

Mike Babcock, Toronto Maple Leafs

Juntamente com Joel Quenneville, demitido por Chicago na última temporada, Babcock era talvez o técnico mais condecorado em atividade. Campeão da Stanley Cup em 2008 com o Detroit Red Wings, o canadense ainda levou seu país natal a dois ouros olímpicos consecutivos: Vancouver em 2010 e Sochi em 2014. Quando Toronto desbancou o Buffalo Sabres para contratá-lo, a franquia precisava desesperadamente deixar o espírito perdedor de lado e voltar a ser uma equipe competitiva. 

Depois de draftar nomes importantes como William Nylander, Mitch Marner e Auston Matthews e contratar o superstar John Tavares na free agency, a janela dos Leafs se abriu. Neste novembro a situação no vestiário se tornou insustentável, e Babcock foi demitido no meio de uma série de derrotas da equipe de Toronto. Seu substituto foi Sheldon Keefe, que já vinha batendo na porta da NHL há algum tempo, especialmente depois de ganhar o título da AHL (American Hockey League) com o Toronto Marlies.

Com a saída de Babcock mais notícias envolvendo seu comportamento difícil e teimosia escaparam nos veículos canadenses. Dentre elas uma situação onde ele ordenou que Marner, que na época era um calouro na Liga, listasse seus colegas de equipe mais “preguiçosos”. Quando o jovem atleta cumpriu a ordem (depois de muita pressão), Babcock supostamente notificou todos aqueles que ele havia listado como preguiçosos.

 Já tratando-se de estratégias, o canadense foi muito criticado por não “encurtar o banco” durante os jogos de playoffs. Além disso, a equipe amargou uma eliminação no primeiro round pelo terceiro ano consecutivo. Este fato também contribuiu para que Kyle Dubas demitisse seu técnico após uma série de derrotas.

Bill Peters, Calgary Flames

À época que ela aconteceu, em 2018, a saída repentina de Peters do Carolina Hurricanes para o Calgary Flames repercutiu por toda a Liga. Isto porque o canadense ainda tinha mais um ano em seu contrato com os Canes. Na época, a equipe da Carolina do Norte estava passando por uma reformulação que envolveu a saída de seu general manager de longa data, Ron Francis.

No Canadá, Peters decepcionouno primeiro round dos playoffs do ano passado, quando Calgary foi eliminado pelo Colorado Avalanche em 5 jogos. A partir de então, começou a se questionar os métodos do técnico. Entretanto, a real motivação por trás de sua saída vai muito além da insatisfação por um desempenho na pós-temporada.

No final de novembro o jogador Akim Aliu virou o mundo do hockey de cabeça para baixo quando alegou que o técnico havia proferido injúrias raciais contra ele no vestiário, na época que treinava o Rockford IceHogs da AHL. O fato aconteceu na temporada 2009/2010, por conta da escolha de música que o atleta havia feito. Além deste episódio, outra situação envolvendo Peters veio à tona, desta vez durante sua empreitada nos Canes. O técnico foi acusado de ter chutado jogadores da equipe no banco durante um jogo. 

Peters pediu demissão dos Flames em uma carta, onde admitiu ter usado uma injúria racial com Aliu. O canadense foi substituído no comando de Calgary por Geoff Ward, que se tornou o técnico interino da equipe de Alberta. 

Peter DeBoer, San Jose Sharks

Diferentemente das situações acima, a estadia de DeBoer no comando dos Sharks terminou em uma nota positiva, sem escândalos. Contratado em maio de 2015, o técnico teve números positivos (198-129-34) e uma ida à final da Stanley Cup, que a equipe californiana perdeu para o Pittsburgh Penguins em 2016. Na última temporada, os Sharks foram até a final da conferência Oeste, perdendo para os eventuais campeões St. Louis Blues.

DeBoer não ficou muito tempo desempregado, pois já foi contratado para substituir Gerard Gallant no comando do Vegas Golden Knights. Após a construção de uma rivalidade desde a chegada da equipe do deserto na Liga será interessante ver o técnico tentar conquistar a torcida da Sin City

Gerard Gallant, Vegas Golden Knights

Durante o mês de dezembro de 2016 tivemos uma das cenas mais inusitadas daquela temporada. Afinal, quem não se lembra de quando o Florida Panthers demitiu Gallant e o fez esperar por um táxi ao invés de deixá-lo pegar uma carona para o aeroporto com o ônibus da equipe?

Após ser contratado como o primeiro técnico da franquia de Vegas, Gallant riu por último. Além de ver sua equipe fazer uma campanha histórica até a final da Stanley Cup, o técnico venceu o troféu Jack Adams de técnico do ano no NHL Awards de 2018. Mas como todo conto de fadas, este também teve um fim. Após o fim da lua de mel e uma aparente estagnação da equipe, Gallant foi demitido no início de 2020 e substituído por Pete DeBoer no comando dos Golden Knights.

Jack Montgomery, Dallas Stars

O americano foi contratado por Dallas após a aposentadoria de Ken Hitchcock em 2018, depois de cinco temporadas na Universidade de Denver. Com seu comando, a equipe chegou à semifinal da conferência Oeste nos últimos playoffs, tendo sido eliminada pelos futuros campeões St. Louis Blues. 

Cercada de mistério, a saída repentina de Montgomery do banco da equipe texana causou furor quando foi anunciada. Nem mesmo os jogadores dos Stars entenderam a situação. Enfim, quando o GM Jim Nill comunicou a demissão de Montgomery por “conduta antiprofissional”, muito se especulou se poderia se referir a situações similares às de Peters e Babcock. 

Entretanto, o ex-técnico dos Stars deu entrada em uma clínica de reabilitação no mês seguinte à sua demissão, chamando a situação de o pontapé inicial que ele precisava para buscar tratamento. Montgomery foi substituído no comando do Dallas por seu assistente Rick Bowness, que tem extensa experiência como técnico na Liga, tendo atuado em cinco equipes entre 1988 e 2003.

Peter Laviolette, Nashville Predators

Quatro dias após o GM David Poile dar uma entrevista onde afirmou que mudanças na comissão técnica não estavam nos seus planos, o técnico foi demitido. Laviolette deixou a posição com um histórico de 248-143-60, incluindo uma aparição na final da Stanley Cup em 2017, quando os Preds perderam para Pittsburgh.

Conhecido por seu temperamento explosivo, já haviam rumores de que o técnico havia perdido o vestiário da equipe do Tennessee, que estava em penúltimo lugar na sua divisão. Laviolette foi substituído por John Hynes, que havia sido demitido do New Jersey Devils.

John Hynes, New Jersey Devils

Após uma off-season movimentada, haviam muitas expectativas acerca da temporada que os Devils teriam. Afinal, a equipe draftou Jack Hughes, adquiriu PK Subban e iniciou a temporada com o MVP de 2018, Taylor Hall. Entretanto, os resultados foram decepcionando a torcida, que passou a se questionar se não seria mais viável para a equipe vender na deadline e contar com uma boa escolha em um draft que promete ter muita profundidade de talentos.

Com o histórico de 9-13-4 e 22 pontos, a equipe fazia a segunda pior campanha da Liga. Consequentemente, ao trocarem Taylor Hall para o Arizona Coyotes, os Devils se comprometeram com o tank. Desta forma, a situação com o técnico se tornou insustentável, assim como com seu GM Ray Shero. Ambos foram mandados embora. Hynes foi substituído por seu assistente Alain Nesreddine temporariamente, mas já encontrou um novo desafio: treinar o Nashville Predators.

(Foto: New York Times.com/Reprodução)

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